A provedora da Santa Casa de Machico, Nélia Martins, deu o tom da cerimónia ao recordar que “não podia deixar passar em branco” esta data simbólica. Sublinhou que, em 25 anos, este edifício tornou-se “uma das obras mais marcantes realizadas, fruto do investimento da Câmara, do Governo e da comunidade”. Para a provedora, este percurso representa “uma prova de fé e de resiliência”, razão pela qual mereceu uma celebração excecional.
Na sua intervenção, a provedora destacou ainda as necessidades crescentes da comunidade e a responsabilidade das Misericórdias em dar respostas ajustadas. Assumiu que o futuro exige novas soluções, nomeadamente a criação de centros de dia multifacetados, capazes de atrasar a institucionalização e promover um envelhecimento mais saudável e ativo.
A questão financeira também não foi esquecida. Nélia Martins explicou que a instituição atravessa um processo de pagamento faseado de retroativos aos trabalhadores, decisão tomada para assegurar a sustentabilidade da Misericórdia. “Se pudesse, pagava tudo de uma vez, porque é justo. Mas temos de garantir o equilíbrio entre os salários, os fornecedores e o apoio social que prestamos”, explicou.
O presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel de Lemos, reforçou a importância deste aniversário, que junta a celebração dos 25 anos do edifício aos 496 anos da própria instituição. Destacou o papel de Nélia Martins como “timoneira desta casa”, conduzindo-a com rigor e serenidade, e afirmou que as Misericórdias são “parceiros credíveis do Estado”.
Por sua vez, a Secretária Regional da Inclusão, Trabalho e Juventude, para além dos elogios ao trabalho da Santa Casa em prol de Machico e da Madeira, reafirmou o apoio do Governo da Madeira, que anualmente investe mais de 1,2 milhões de euros na Santa Casa de Machico, garantindo o funcionamento de respostas como o lar, o centro de dia, o apoio domiciliário e a creche. E este valor pode aumentar caso, de facto, sejam discutidos e aprovados outros projetos, como é o caso do centro de dia com outras condições como a Misericórdia quer.
“É um sinal claro de reconhecimento pelo vosso trabalho e, sobretudo, um compromisso. O Governo Regional estará sempre ao vosso lado”, declarou a governante.
Já o presidente da Câmara Municipal de Machico, Ricardo Franco, destacou a importância da parceria entre a autarquia e a Misericórdia, lembrando que a construção do edifício foi possível graças à cedência de terrenos municipais e ao apoio inicial da Câmara. “Mas a verdadeira riqueza está no capital humano que todos os dias dá vida a esta instituição – colaboradores, técnicos e voluntários que se dedicam a quem mais precisa”, afirmou.
Por fim, a presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, Rubina Leal, sublinhou o papel histórico das Misericórdias, que classificou como “pilares silenciosos da coesão social em Portugal”. Reconheceu a liderança da provedora e deixou uma mensagem clara sobre a importância de valorizar os trabalhadores destas instituições, com melhores condições salariais e formação contínua, garantindo assim serviços mais humanizados e eficazes.
Voz das Misericórdias, Luísa Gonçalves