Onze Misericórdias foram distinguidas na edição de 2019 dos prémios BPI “La Caixa” Seniores e BPI “La Caixa” Rural

Combater o isolamento dos idosos em contexto rural e urbano, apostar na prevenção em saúde e capacitar para a autonomia são alguns dos objetivos dos projetos distinguidos pelos prémios BPI “La Caixa” Seniores e BPI “La Caixa” Rural em 2019. Entre o grupo de premiados, contam-se as Misericórdias de Resende, Sesimbra, Vale de Cambra e Vila Velha de Rodão (BPI Seniores) e as Santas Casas de Redinha, Arganil, Marco de Canaveses, Miranda do Douro, Semide, Campo e Reguengos de Monsaraz (BPI Rural).

Em ambas as edições, os idosos e respetivos cuidadores surgem como alvo de intervenção prioritária dos projetos submetidos a concurso. O presidente do júri, António Barreto, justificou a necessidade das iniciativas dizendo que o país não está preparado os “velhos”.  “Se alguma coisa nos encoraja nestes prémios é a ideia do envelhecimento ativo e saber que, para a dignidade, a idade não tem limites”, referiu na entrega dos prémios em Lisboa.

As Misericórdias assumem este desafio preparando-se para garantir uma atuação humanizada em territórios de acentuado desequilíbrio demográfico. Em Marco de Canaveses, a Santa Casa vai capacitar os cuidadores com um serviço móvel na área social e da saúde, enquanto na Redinha (na foto) os cuidadores vão ser apoiados através de acompanhamento psicológico e de um plano de formação multidisciplinar. Segundo a gerontóloga que coordena o projeto, Andreia Dias, o prémio vai permitir criar uma “rede comunitária capacitada” numa freguesia que não dispõe de lar de idosos.

Mais a sul, Campo Maior vai focar a assistência nos cuidadores de pessoas com Alzheimer, reforçando a rede de suporte com estratégias adequadas para lidar com as diferentes etapas da doença.

Empenhadas na promoção da vida ativa, Vale de Cambra e Sesimbra vão implementar projetos de reabilitação e estimulação no domicílio que conciliam cuidados sociais e de saúde. Em Miranda do Douro, a aposta é na promoção de autonomia de pessoas com deficiência e sem retaguarda familiar. Semide e Resende vão assegurar transporte e acompanhamento de idosos a serviços de saúde e atividades lúdicas e terapêuticas.

Por sua vez, em Arganil o projeto galardoado visa criar uma equipa de cuidados paliativos, com profissionais e voluntários, num distrito onde o serviço é inexistente, segundo dados de 2018, divulgados recentemente pelo Observatório Português dos Cuidados Paliativos.

Outras Misericórdias apostaram em ajudas técnicas. Vila Velha de Ródão vai ter o primeiro banco de equipamentos vocacionado para a comunidade e a provedora Maria Adelina Pinto admite que vai ser uma “ajuda preciosa para as famílias sem recursos, num dos concelhos mais envelhecidos do país”. Reguengos de Monsaraz já dispunha deste serviço, mas vai reforçá-lo com mais meios, melhorando desta forma o apoio “às famílias que de outra forma não tinham possibilidade de adquirir desde camas elétricas a cadeiras de rodas”, disse o provedor Manuel Galante.

Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro Freitas