No limiar da fronteira, Montalegre integra o projeto “Mercadoria Humana #Norte”, na sequência de um protocolo de cooperação entre a Misericórdia local e a organização não-governamental “Saúde em Português” para combater o tráfico humano.
O provedor Fernando Rodrigues e a coordenadora da Rede Local de Inserção Social (RLIS), Elsa Gonçalves, destacam a importância deste protocolo “na formação da comunidade e para potenciar ferramentas que a mesma possa usar em sua defesa”. “É uma importante ferramenta de informação e formação para os técnicos das valências, bem como para as restantes instituições do concelho”, acrescenta aquela responsável.
Prevenir, sensibilizar e informar públicos mais vulneráveis (estudantes, mulheres, desempregados, imigrantes, refugiados) para situações de tráfico são as palavras de ordem. “Queremos prevenir a sua vitimização e exposição a eventuais situações de risco. Por outro lado, promover, junto de profissionais estratégicos (em serviços sociais, justiça, saúde, emprego, educação, proteção de crianças e jovens, apoio ao imigrante, comunidade desportiva e órgãos de polícia criminal), competências e conhecimento sobre o fenómeno e indicadores de situações que possam configurar o crime de tráfico, tendo em vista sinalização e denúncia.”
A dinamização destas ações em Montalegre prende-se com o facto de ser um território fronteiriço, onde a “fácil circulação de pessoas poderá propiciar a entrada e saída das vítimas deste crime”. “Pelas suas características rurais, o concelho poderá ser palco de eventuais situações de exploração enquadradas no crime de tráfico de seres humanos”, explica a coordenadora da RLIS.
As ações vão arrancar já este mês nas vilas de Salto e Montalegre, sendo que até ao final de 2021, chegarão à população das 25 freguesias do concelho. “Esperamos que fiquem mais capacitados para reconhecer alguns dos indícios que levem à suspeita de uma presumível situação de tráfico, que conheçam o seu modus operandi e as respostas existentes em Portugal ao nível de assistência, acolhimento, proteção e integração destas vítimas”, conclui Elsa Gonçalves.
Segundo os últimos dados oficiais, as autoridades sinalizaram 203 situações de tráfico de seres humanos em Portugal, em 2018. Foram identificadas 141 vítimas de tráfico, 29 das quais menores de idade.
Voz das Misericórdias, Patrícia Posse