Depois do Natal, acabou. Mas todos os dias importam”, lembra a responsável pela gestão do espaço, Cármen Fevereiro, que neste momento apoia mais de 50 famílias, 40 sem-abrigo e uma série de instituições do distrito através da recolha e distribuição de alimentos provenientes de hipermercados da cidade.
Neste equipamento, destinado ao apoio dos indivíduos em situação de exclusão social, as catorze obras de misericórdia são levadas à letra, com particular destaque para aquela que coloca em prática a hospitalidade e “restitui a dignidade aos injustiçados”. Dar pousada aos peregrinos representa, nas palavras de D. Jorge Ortiga (homília de Ramos, Braga, 2015), esta “hospitalidade que desinstala o comodismo”, ultrapassa a ideia de acolhimento e passa pela humanização das relações com os beneficiários.
“Eles são uma população problemática e marginalizada e tentamos dar-lhes essa dignidade que lhes falta e repor a sua autoestima. Estamos aqui para os defender e lhes dar voz. É a casa deles e acaba por ser a nossa também. Passamos mais tempo com eles do que com as nossas próprias famílias”, destaca a coordenadora da cantina social.
Para assinalar a quadra, e reforçar esse sentimento de pertença e união, a Santa Casa organiza todos os anos um almoço de natal, com os tradicionais doces e chocolates, oferecendo uma “prenda simbólica” que, na maior parte dos casos, é uma peça de vestuário.
Se todos os dias importam, nesta altura do ano as necessidades são ainda maiores “porque os outros serviços de ação social abrandam a sua atividade”.
Não há, por isso, mãos a medir, entre a preparação das refeições, tratamento de roupas e acompanhamento psicossocial. A organização da recolha e distribuição de alimentos pelas instituições de solidariedade social do distrito (e não só), iniciada há cerca de um ano, implica um “esforço adicional” e a colaboração de voluntários, mas permite apoiar, no final do mês, mais de mil pessoas.
Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas