Na Misericórdia de Nisa os abraços que a pandemia roubou estão finalmente a acontecer. Os idosos puderam voltar a abraçar os seus entes queridos através de uma estrutura em plástico que permite o contacto físico sem risco de possível transmissão do novo coronavírus. A ‘Tenda dos Afetos’ começou a receber visitas a 25 de novembro e é já um “sucesso entre idosos e familiares”.
“Tudo o que estava a faltar aos nossos utentes eram os afetos, o toque, o abraço então decidimos criar esta ‘Tenda dos Afetos’ para que em segurança pudessem abraçar os seus familiares”, começou por contar Filipa Graça, diretora técnica da Misericórdia de Nisa.
Construída em plástico, com uma porta com braços dos dois lados, a tenda recebe diariamente oito visitas, com a duração de 20 minutos cada, mais 10 minutos para desinfeção. Ali, pais e filhos, avós e netos abraçam-se depois de nove meses privados de qualquer contacto físico.
Apesar da estrutura de plástico que os separa, cada visita é, segundo a diretora técnica, “um momento de grande alegria” onde a emoção toma conta de todos. “Tem havido muitas lágrimas nestes reencontros, é aquele abraço e carinho que tem faltado ao longo deste tempo em que estão confinados”.
Quem também não fica indiferente a estes momentos são as funcionárias da instituição “que enquanto dão assistência nas visitas se emocionam com o afeto partilhado”.
Segundo Filipa Graça, a ‘Tenda dos Afetos’ está a ser um “sucesso entre idosos e familiares”, contando que “apenas gostavam que a visita fosse mais prolongada, mas adoram e ficam mais tranquilos porque abraçaram os que lhes são queridos e porque sabem que na semana a seguir podem abraçar de novo”.
Na Misericórdia de Nisa todos vêm esta iniciativa com “uma prenda de Natal antecipada” para os idosos, uma vez que “80% dos nossos utentes iam para casa no Natal e este ano não podem ir”.
Para além de permitir abraços, a “Tenda dos Afetos” foi também criada para que os idosos e os familiares possam partilhar pequenas refeições, no entanto, e devido ao surgimento de alguns casos de Covid-19 na instituição, “essa vertente ainda não foi posta em prática”, disse Filipa Graça.
Voz das Misericórdias, Sara Pires Alves