“Esta é a vossa casa comum”, começou por dizer o presidente da UMP, Manuel de Lemos, no início de uma conversa informal, onde apelou à união e coesão entre as instituições para fazer face aos desafios de gestão e sustentabilidade que se colocam um pouco por todo o país. No ano em que se assina o Compromisso de Cooperação com o Setor Social e Solidário para 2019 e 2020, lembrou que “todos juntos, com calma, persistência e unidade vamos explicar ao Estado que somos parceiros fundamentais e vamos pedir que pague o justo preço pelos serviços prestados. Se fossemos embora de muitas terras, elas acabavam”.
Para dar resposta a estes desafios, a UMP está disponível para prestar aconselhamento técnico às Misericórdias, através de auditorias económico-financeiras, que avaliam o funcionamento e custo das respostas sociais de acordo com a legislação em vigor. Segundo o tesoureiro da UMP, José Rabaça, o serviço prestado pelo Gabinete de Auditorias serve como “instrumento de trabalho e de forma nenhuma pretende imiscuir-se na vida das Misericórdias, que são autónomas”.
Novos problemas exigem novas respostas e a pensar nisso Manuel Caldas de Almeida, vogal da UMP na área da saúde, acrescentou ainda que as Misericórdias devem hoje munir-se de uma equipa técnica multidisciplinar que garanta uma gestão rigorosa e decisões fundamentadas em conhecimento. Segundo o responsável, a própria estrutura da UMP adaptou-se e dotou-se de recursos para “ter um grande papel de apoio técnico, jurídico, na área da saúde e social”. Na área da saúde, destacou o apoio que, entre outros, é assegurado por uma equipa de nove farmacêuticas nas unidades de cuidados continuados e uma enfermeira especializada em controlo de infeção.
Esclarecimentos sobre regulamentos internos, contratos e valores de comparticipação fazem também parte do leque de serviços prestados às Misericórdias, a que se junta ainda uma nova área de atuação, recentemente reativada, de apoio ao desenvolvimento de projetos de voluntariado. Carla Pereira, vogal do Secretariado Nacional, justificou a decisão referindo que o voluntariado organizado permite “dar continuidade à missão das Misericórdias, criando um vínculo de responsabilidades e direitos com o voluntário”. Neste âmbito, informou que vai ser lançado um programa de formação nesta área para colaboradores e dirigentes responsáveis pela implementação de projetos de voluntariado.
A gestão de recursos humanos e vínculos laborais dos colaboradores é outra das áreas determinantes assegurada pela UMP, através do Gabinete de Assuntos Jurídicos. A este propósito, o presidente da UMP referiu estar empenhado nas negociações com o Estado, para melhorar a sustentabilidade das instituições e corrigir as tabelas salariais dos colaboradores. “Eles são o nosso maior ativo e neste momento são muito mal pagos”, observou.
Compromisso, responsabilidade e vontade de aprender
Comprometidos com o desafio que agora assumem, os dirigentes recentemente empossados mostraram-se preocupados com a situação financeira das Misericórdias, mas motivados para aprender e melhorar com os seus pares, em estreita articulação com a UMP.
Assim frisou a provedora de Boliqueime, Sílvia Sebastião, depois de uma manhã de aprendizagem em torno da história, natureza das Misericórdias e linhas de serviço da UMP. “Este novo desafio deixa-me um pouco ansiosa, mas com muita vontade de aprender, beber ensinamentos dos outros e não desanimar. Tem de haver cooperação entre as Misericórdias e quando não soubermos devemos perguntar e ligar para os serviços da UMP”.
No dia-a-dia, a provedora Ana Filipa Fonseca, da Misericórdia de Medelim, considera útil conhecer a estrutura da UMP e saber quem “são as pessoas do outro lado do telefone”. Antes de regressar à vila no concelho de Idanha-a-Nova, elogia a organização deste tipo de “encontros informais, de pequena escala”, que permitem “maior interação entre todos”.
Durante a sessão, foram ainda vários os que destacaram o empenho das mesas administrativas na reabilitação do património. Tentúgal foi um dos casos. Ao VM, a provedora Maria de Lurdes Santiago revelou a sua “preocupação com o retábulo quinhentista”, da autoria de Tomé Velho, que gostaria de ver reabilitado através de uma candidatura ao Fundo Rainha Dona Leonor.