A Santa Casa da Misericórdia de Oeiras vai ser responsável por gerir um hostel social destinado a acolher temporariamente pessoas sem-abrigo do concelho. O espaço vai funcionar no centro de Oeiras, num edifício requalificado pela Câmara Municipal local, e irá responder ainda às necessidades de pessoas com problemas socioeconómicos.
O espaço, sito na antiga sede da Academia Sénior de Oeiras, foi reabilitado pela Câmara Municipal de Oeiras, num investimento de 300 mil euros, com o objetivo de criar uma unidade de acolhimento temporário, que vai permitir albergar no total 18 pessoas. O novo hostel é composto por dois pisos e visa acolher indivíduos e/ou famílias em situação de emergência e pessoas sem-abrigo.
Ao VM, o provedor da Misericórdia de Oeiras, Luís Manuel Bispo, explicou que o “espaço atribuído às famílias com problemas socioeconómicos ficará sob responsabilidade do município”, enquanto a “área destinada a pessoas sem-abrigo será gerida pela Santa Casa”. Tudo em parceria com a autarquia local, que além da cedência do espaço vai “custear os encargos com o pessoal”, bem como “gastos diários de água, luz, gás e manutenções”.
O espaço cedido à Santa Casa pode acolher 9 pessoas no total e é composto por sete quartos (dois duplos), duas casas de banho (uma feminina outra masculina), uma lavandaria, uma sala com cacifos para os utentes guardarem os seus pertences, uma sala de arrumos, copa, espaço de convívio e um canil.
Teresa Alves, socióloga e coordenadora dos projetos dedicados à área social da Misericórdia de Oeiras, explicou ao VM que os sem-abrigo a integrar no hostel são primeiramente sinalizados pelo Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo (NPISA) de Oeiras, do qual a Santa Casa faz parte. Depois serão sujeitos a uma entrevista e avaliação pelas técnicas da Misericórdia para aferirem se “é necessário virem para aqui ou não, pois pode haver outra resposta mais adequada, como o apartamento de transição, e ainda se reúnem todas as condições para poderem ser integrados”.
Segundo o regulamento do hostel, os utentes podem permanecer no máximo três meses, mas a coordenadora do projeto diz saber de “antemão” que vão existir situações em que “vão estar mais tempo”, pois por vezes demora-se mais “que o expectável” a encontrar “soluções para estas pessoas, sejam quartos, casas ou outra resposta social”.
O mesmo regulamento, que tem de ser aceite pelas pessoas sem-abrigo antes da sua integração com assinatura de um contrato, dita normas de utilização, horários de entrada, entre outros. Teresa Alves é perentória em dizer que “é necessário haver regras” e os utentes saberem delas “porque estamos aqui para ajudar quem quer ser ajudado e há casos de pessoas que se recusam a cumprir normas, então temos de procurar outro tipo de ajuda que não seja a partilha de um espaço com outras pessoas”.
Além da garantia de abrigo e alimentação, que vem diariamente da cozinha da Misericórdia, todas as pessoas que venham a passar por esta resposta social contam com “um gestor de processo, que trabalha a sua integração, o seu projeto de vida a nível profissional e habitacional e é feito um acompanhamento individualizado para responder às necessidades de cada um”.
Para Luís Manuel Bispo “esta resposta social fazia muita falta no concelho” e relembrou o trabalho que a Santa Casa tem vindo a fazer junto dos sem-abrigo. “Nós já temos um trabalho consolidado com pessoas sem-abrigo há 21 anos e por isso esta é uma resposta que vem acrescentar e complementar as que já existem, seja a casa de transição, também em parceria com a autarquia, seja os centros de acolhimento que temos em Algés e Paço de Arcos, e ainda o acompanhamento que fazemos de pessoas que estão espalhadas por vários quartos no concelho”, refere.
Da mesma opinião é Teresa Alves, que apesar de dizer que esta não é a solução de todos os problemas, considera que esta resposta “vem acrescentar muito” à resposta diária que a Misericórdia dá a esta população. “É sem dúvida uma grande ajuda para pessoas que se encontram em situações tão vulneráveis”.
O hostel social foi inaugurado a 25 de junho, pelo presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, acompanhado pelo executivo camarário, e pelo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Oeiras, Luís Manuel Bispo, mas só entrou em funcionamento no passado dia 19 de julho, com a entrada de quatro pessoas sem-abrigo, dois homens, que ocupam um quarto individual cada, e um casal que viva numa tenda junto a Linda-a-Velha.
Voz das Misericórdias, Sara Pires Alves