“Os reclusos estão muitas vezes longe das famílias, que residem noutros pontos do país. Algumas fazem o possível para fazer pelo menos uma visita. Mas infelizmente nem todos têm meio de se deslocar”, explica a coordenadora do grupo de visitadores, Helena Mendes. Neste caso, são os próprios voluntários que se disponibilizam para custear a deslocação do familiar ou assegurar o transporte da estação (ferroviária ou rodoviária) ao estabelecimento prisional.
Com idades compreendidas entre os 20 e 80 anos, os voluntários esforçam-se por transmitir esperança aos reclusos e combater a dupla exclusão a que estão votados. “Além de estarem doentes e isolados pela reclusão, estão longe dos familiares, por serem encaminhados de prisões de todo o país”, lembrou em 2017 a diretora do hospital-prisão Érica Cardoso.
A prioridade dos visitadores é por isso a reabilitação e reinserção social dos reclusos, valorizando-os, dotando-os de competências, através dos clubes de leitura semanais, e incentivando-os a manter ou recuperar as relações familiares. “Sem esse suporte familiar, dificilmente podem ser reinseridos na sociedade. Se não tentamos recuperar as pessoas que estão presas, há um dia em que as prisões abrem portas”, justifica Helena Mandes.
Nesta quadra, as visitas estão condicionadas devido à greve de guardas-prisionais, mas é habitual realizar-se um almoço com as famílias a meio do mês e um lanche nas enfermarias organizado pelos visitadores. “A Misericórdia fornece um lanche [confecionado pela cozinha central] e nós enriquecemo-lo com coisas que levamos, fora da dieta normal, como carnes assadas, bolo de chocolate ou coisas adequadas ao gosto de cada um”, explica a voluntária.
Durante o lanche nas enfermarias, distribuem ainda um cabaz de Natal, com uma peça de vestuário e material de escrita (papel de carta, envelopes, selos, canetas) para que os reclusos se possam corresponder com os seus familiares.
Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas