Em ano marcado pela pandemia de Covid-19, esta recolha é, segundo a provedora da Santa Casa de Paris, “ainda mais necessária porque o número de pedidos de ajuda é muito superior” em relação a anos anteriores. Além disso, também “a quantidade de vezes que as mesmas pessoas pedem auxílio aumentou” nos últimos meses.
A campanha de Natal deste ano decorreu durante cerca de um mês, mas Ilda Nunes explicou que a angariação não termina aqui. “Estamos sempre recetivos a receber bens alimentares não perecíveis, produtos de higiene, roupas, calçado, fraldas. Não podemos terminar aqui a recolha, senão dentro em breve não haverá mais produtos para ajudarmos quem a nós recorre”. De salientar que a ajuda da Misericórdia de Paris às famílias e indivíduos carenciados não se cinge à altura natalícia, estendendo-se ao longo de todo o ano.
Com a campanha de Natal ainda a decorrer, e sem números contabilizados, a provedora faz um balanço positivo da angariação, mostrando-se muito “satisfeita” com a mobilização que tem havido por parte da comunidade em contribuir para esta causa.
Apesar do foco da ação da Santa Casa de Paris ser apoiar a comunidade portuguesa, Ilda Nunes relembra que “a miséria não tem nacionalidade, nem cor de pele, nem religião” e por isso “ajudamos quem nos faz apelo”, disse a provedora, assumindo, no entanto, que a grande maioria dos que pedem apoio são cidadãos portugueses.
O apoio que a Misericórdia de Paris presta à comunidade lusófona vai muito além do apoio alimentar e de bens de primeira necessidade. “Há muitas pessoas na solidão, que precisam apenas de uma palavra de conforto e incentivo, de um afeto, de serem escutadas, e nós somos o rosto que os escuta”, concluiu, de voz embargada, a recém-eleita provedora da Misericórdia parisiense.
Voz das Misericórdias, Sara Pires Alves