Era uma vez uma tela em branco. Ou melhor, era uma vez um muro branco. Um branco que se estendia por cerca de 30 metros. Sempre igual. Sempre branco. Um branco que em sessenta dias se transformou.

O muro, outrora igual a tantos outros, ganhou vida e nele agora contam-se as histórias das 14 obras de misericórdia: sete corporais e sete espirituais. Foi assim no Lar Santo António dos Capuchos da Misericórdia de Penafiel. Ali o muro outrora branco despertou para a arte urbana pelas mãos de Nuno Barbedo e Tiago Braga.

Street art. Assim se designa a intervenção. Apesar de algum receio, a mesa administrativa da Santa Casa de Penafiel resolveu desafiar os dois jovens artistas a “grafitarem” o muro do lar da instituição. “Houve algum receio de que a ideia não fosse bem acolhida pela comunidade, mas felizmente resultou em pleno dado as visitas que se deslocam à rua para apreciar o trabalho”, frisa satisfeito o provedor. 

Além do embelezamento daquela zona, Júlio Mesquita sublinha que mais importante é a comunidade refletir sobre a importância do trabalho social. “Pretendemos fazer pedagogia e relembrar às pessoas do trabalho que realizamos diariamente em prol dos mais necessitados. Fazê-las pensar e pôr em prática o que cada uma das obras transmite”, sustenta o provedor. Para concretizar o trabalho, Nuno Barbedo e Tiago Braga tiveram acesso às fotografias que estiveram patentes na exposição sobre as obras de misericórdia no museu de arte sacra. Em cada imagem estão utentes da instituição retratados/fotografados para cada uma das obras de misericórdia.

O trabalho demorou cerca de dois meses a ficar concluído, tendo sido dada liberdade aos artistas para criar, apenas exigindo que as fotografias fossem passadas para o muro o mais fidedignamente possível. 

Para ler na íntegra na edição de janeiro do jornal Voz das Misericórdias.