A Misericórdia de Penalva do Castelo criou um serviço para ajudar pessoas em isolamento ou com dificuldades de deslocação

A Santa Casa da Misericórdia de Penalva do Castelo, no distrito de Viseu, criou um serviço gratuito de apoio para refeições ou compras de bens de primeira necessidade. O objetivo desta iniciativa é ajudar pessoas em isolamento ou com dificuldades de deslocação e, ao mesmo tempo, combater a transmissão do novo coronavírus no concelho.

A provedora contou ao VM que foi um ato de voluntariado que alcançou todo o concelho. A Misericórdia já tinha os recursos e entendeu colocar os serviços ao cuidado da comunidade que estava a necessitar naquele momento”, adiantou Joana Cardoso.

A ideia surgiu porque “houve necessidade de prestar apoio a dois ou três idosos no apoio domiciliário e, obviamente, não abandonámos os utentes só porque estavam com Covid-19. Continuámos a prestar o apoio com uma só profissional afeta a esse tipo de cuidados”. Quando os casos de Covid-19 começaram a aumentar, a Santa Casa decidiu alargar esta ajuda à comunidade e por isso deu-se início à divulgação, através de cartazes e redes sociais, dos contactos para que, quem precisasse, entrasse em contacto por telefone ou por correio eletrónico.

Sem qualquer custo para os beneficiários, “isso nunca foi sequer equacionado”, este apoio passou a ser assegurado por um grupo de quatro colaboradoras que “tinham estado positivas há pouco tempo e, portanto, à partida tinham um grau de imunidade maior”, disse.

Segundo Joana Cardoso, como estas colaboradoras tinham passado pela doença, além da imunidade, também “sabiam do que se tratava, dos cuidados a ter e isso até facilitava na compreensão e até na própria adesão” por parte desta equipa. A propósito dos casos positivos, a provedora esclareceu que, até à data, os espaços da Misericórdia de Penalva do Castelo “não tiveram nenhum surto de grandes dimensões”, houve sim “casos pontuais que não estavam ligados entre si”.

“Aconteceu dois ou três casais estarem infetados e precisaram de refeições, então nós levámos a casa deles, em kits descartáveis para não haver qualquer risco de transmissão”, contou.

Houve ainda quem pedisse compras de primeira necessidade por não poder sair de casa, quer por estar infetado ou em isolamento profilático, e também foram apoiados idosos residentes em lares de outras instituições. “Eram pessoas que estavam noutros lares e que foram passar o Natal a casa e ficaram positivos e o lar não os aceitava enquanto estivessem positivos”. As restantes estruturas residenciais para pessoas idosas (ERPI) do concelho também não as aceitavam e, por isso, a Misericórdia de Penalva do Castelo não pensou duas vezes em prestar apoio a estes cidadãos que estavam em casa sem apoio de retaguarda.

Atualmente, a equipa não está a prestar apoio a ninguém, mas “está disponível caso surja algum pedido” quer por parte da população, quer por parte da proteção civil municipal de Penalva do Castelo, como chegou a acontecer no pico de maior número de casos no concelho que chegou a estar em risco extremo.

“Sabemos os riscos que estávamos a correr e, por isso, tínhamos todos os cuidados”. Além da carrinha afeta exclusivamente a este apoio, as colaboradoras que aderiram cumpriam, antes de entrar na instituição, todas as medidas de segurança previstas no plano de contingência.

Sabiam e sabem porque o serviço continua disponível para a comunidade do concelho de Penalva do Castelo. Apesar de neste momento não estarem a prestar apoio a ninguém, o voluntariado da instituição continua “no sentido de mitigar a ajudar a diminuir a evolução atual da transmissão do vírus” SAR-CoV-2, que provoca a Covid-19.

Voz das Misericórdias, Isabel Marques Nogueira