Mais de 300 mil euros de poupança na gestão anual da Misericórdia de Peso da Régua foi o resultado conseguido através da implementação das medidas do Gabinete de Auditorias da União das Misericórdias Portuguesas (UMP).
“A auditoria que solicitámos foi essencialmente para os recursos humanos nas diversas valências. Foi feito o levantamento de todos os funcionários e, depois, o relatório veio com indicações extremamente úteis. Para nós, foi como uma espécie de bíblia para fazermos a reforma que queríamos”, frisa o provedor Manuel Mesquita.
Passou pouco mais de um ano desde que a equipa da UMP esteve na instituição reguense para aferir “ao certo” o número de funcionários e perceber as reais necessidades de cada valência. “Tínhamos a perceção de que os recursos humanos estavam desajustados e aquilo que nos causava mais confusão era o trabalho dos turnos. Era preciso conhecer a lei que rege esta área, os acordos com a Segurança Social, os referenciais. Senti a incapacidade de fazer isto e daí o meu pedido de ajuda à UMP”, justifica.
Foi feito “um trabalho exaustivo” que permitiu reestruturar as equipas de trabalho, passando de 153 funcionários em 2017 para os atuais 118. “Tínhamos uma estrutura montada que realmente se tornava mais dispendiosa do que aquilo que deveria ser e começámos a atuar”, assume Manuel Mesquita. Não houve despedimentos, mas contratos a prazo que terminaram, rescisões por mútuo acordo e reajustes no subsídio de turno. Todo o processo foi feito “na paz dos anjos” e “ninguém saiu em conflito”. “Temíamos alguma convulsão social e que a opinião pública se manifestasse, mas foi pacífico porque houve a colaboração total das pessoas que saíram.” Dentro de portas, optar pela via da redução da mão-de-obra “não foi uma decisão pacífica na mesa administrativa, mas foi uma necessidade imperiosa”.
Desde o primeiro momento que a diretora técnica da estrutura residencial para idosos (ERPI), Cristiana Queirós, percebeu que esta medida da provedoria “iria resultar”. “Foi uma decisão muito bem tomada, porque tínhamos pessoal a mais e estávamos a despender muito dinheiro em salários.”
Esta valência ficou com menos 10 funcionários, uns foram transferidos, outros saíram da instituição. Se no início, as colaboradoras “não estavam a perceber e não aceitaram bem a ideia”, após os primeiros acordos, “correu tudo muito bem”. “Até foram mais pessoas embora do que aquelas que estávamos à espera”, acrescenta Cristina Queirós.
O provedor reitera: “para que as funcionárias aderissem por elas a chegar a um acordo é porque as situações foram justas”. “Havia mais que estariam na disposição de sair por um ou outro motivo como antiguidade, desgaste ou situações familiares.”
Com 65 utentes, a ERPI dispõe agora de 26 funcionários, o que naturalmente obrigou a “um reajuste de trabalho”. “Foi uma adaptação, mas a qualidade não ficou comprometida”, assegura a diretora técnica. Também Manuel Mesquita sublinha: “somos certificados pela ISO, portanto temos de manter o serviço de qualidade”.
Esta reforma contribuiu para o “desafogo financeiro” da instituição, representando uma poupança superior a 300 mil euros anuais. O provedor reconhece que já não via “com grande saúde” a situação financeira. Por isso, não podiam ser tomadas “medidas de cosmética”. “A atualização do salário mínimo num curto espaço de tempo levou a que a massa salarial aumentasse cerca de 180 mil euros. Não contestamos essa atualização, mas para aquilo que era a nossa capacidade de gerar receita foi realmente muito difícil e estávamos a entrar numa situação de colapso financeiro. Agora, espero que o relatório de contas de 2019 seja contrário aos dois últimos anos e tenha um saldo positivo”, confidencia.
“A auditoria foi feita de uma forma ponderada e responsável. Sem esta ajuda teria sido quase impossível chegarmos a este resultado. Se fosse por nós andaríamos um pouco às cegas”, conclui o provedor reguense.
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Voz das Misericórdias, Patrícia Posse