A equipa da Misericórdia de Ponte da Barca está a levar livros às casas das crianças que frequentam a creche e o jardim de infância

Estimular o interesse por livros é uma forma de educar, mas também de demonstrar carinho e afeto. Foi com esse objetivo que o Jardim de Infância e Creche José Carneiro Bouças, da Santa Casa da Misericórdia de Ponte da Barca, iniciou o projeto “Livros com Asas”.

Esta iniciativa consiste na distribuição de livros às crianças que frequentam a instituição e que, devido ao confinamento geral do país, estão em casa, começando a acusar algum cansaço. Como nos explicou Cidália Gonçalves, diretora pedagógica, “foram feitos relatos de crianças que já estavam cansadas de ouvir sempre as mesmas histórias, sendo que a atividade de leitura pela via digital não surtia o mesmo encantamento”.

Além disso, a diretora explicou que “as crianças manifestam constantemente o desejo de regressar à escola” e como até ao momento não há conhecimento de quando acontecerá, “esta foi a forma que encontramos de nos aproximar das nossas crianças, fazendo-lhes chegar não só diversidade de livros, instrumentos lúdicos e pedagógicos, bem como a nossa presença que, apesar de fugaz, leva algum alento e sentimento de esperança a quem nos recebe”. Até ao momento da abertura dos jardins de infância e creches, esta é a forma das crianças terem contacto com as educadoras, que eram presença diária na sua vida e que acompanham o seu crescimento.

Este projeto, apesar de muito recente, tem vindo a crescer e já abrange cerca de 60 crianças, sendo a maior fatia na faixa etária entre os 3 e os 6 anos.

O Jardim de Infância e Creche José Carneiro Bouças tem habitualmente nas suas propostas de atividades várias iniciativas que promovem o incentivo à leitura. A diretora pedagógica salientou que, “mesmo em período de confinamento”, a instituição inclui “a leitura de histórias e a exploração das mesmas como forma de promover os laços de afetividade e de valorização dos livros por parte das crianças e das suas famílias”. Para Cidália Gonçalves, “a enorme recetividade que surgiu com este projeto aumentou”, na equipa pedagógica, “o sentimento de obrigação e de necessidade de responder a este desafio, que é a promoção da leitura desde tenra idade”.

A forma “muito afetuosa” com que pais e crianças receberam esta iniciativa faz com que esta se mantenha, pelo menos até ao final do confinamento. A distribuição dos livros é também uma forma de “levar um pouco de alento e coragem para que as famílias continuem a enfrentar este desafio”. Os funcionários da instituição que fazem a distribuição das obras sentem o entusiasmo das pessoas, que demostram “gratidão por não serem esquecidas” e, por diversas vezes, “acabam por fazer desabafos inesperados”.

Este período de pandemia tem marcado ao longo dos últimos meses a vida de todos. Cidália Gonçalves adiantou que, muitas vezes, a equipa é confrontada com “emoções fortes e, por vezes, olhares inundados por lágrimas”, fruto “do risco da falta de emprego, da privação de contacto com as pessoas mais próximas ou simplesmente a falta de um abraço”.

O feedback por parte das crianças é de “muito entusiasmo e curiosidade para ver qual será o livro surpresa”, ficando à espera ansiosamente “como quem espera a chegada do Pai Natal”. É por isto, que esta equipa pretende “continuar a desafiar esta nova realidade”, com a certeza de que “esta foi uma excelente aposta”.

Este projeto conta com a parceria da Biblioteca Municipal de Ponte da Barca, “que se mostrou desde logo agradada e recetiva em colaborar” com a Santa Casa da Misericórdia, no empréstimo dos livros distribuídos.

“Livros com Asas” é uma iniciativa potenciadora do desenvolvimento das crianças e pretende proporcionar momentos de bem-estar em família, assegurando o enriquecimento na vida escolar e incentivando a imaginação e criatividade dos mais novos.

O Jardim de Infância e Creche José Carneiro Bouças acolhe perto de 100 crianças, com idades compreendidas entre os 4 meses e os 6 anos, tem como pressupostos educativos as interações escola-família e encara a criança como principal autor do seu crescimento e desenvolvimento através de uma aprendizagem pela ação.

Distantes, é certo, mas sempre com a missão de aproximar e de levar às crianças o melhor do mundo.

Voz das Misericórdias, Joana Duarte