Distinguir todos os que têm trabalhado e valorizado a missão social no distrito do Porto e na região. Este foi o propósito que esteve na base da homenagem do Secretariado Regional do Porto (SRP) da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) a antigos provedores de Misericórdias e à ex-presidente do SRP, Maria Amélia Ferreira. Albino Poças (Valongo), Arlindo Maia (a título póstumo, Vila do Conde), Artur Leite (Vila Nova de Gaia) e José Carlos Bessa (Lousada) foram os antigos provedores homenageados. A cerimónia decorreu durante a convenção das Misericórdias do distrito do Porto, que aconteceu a 11 de outubro, no auditório da Misericórdia de Vila do Conde.

“Consideramos que era o momento para reconhecermos. Para mim, a gratidão e o reconhecimento são valores que devemos partilhar ao longo da vida. Aqueles que trabalharam, que se dedicaram, que se entregaram e se deram a esta grande causa social no nosso distrito e na nossa região”. Manuel Moreira, atual presidente do SRP e provedor da Misericórdia de Gaia, explicava, deste modo, a decisão unânime do Secretariado Regional em prestar o merecido reconhecimento a figuras que marcaram a causa social. Para o presidente, “temos de saber reconhecer o trabalho, porque isto é forma de motivar mais pessoas, mais cidadãos a envolverem-se na cidadania ativa. É bom procurarmos que isso aconteça em todas as gerações”, confessou.

Manuel de Lemos, presidente da UMP, elogiou o ato de reconhecimento e sublinhou a importância do mesmo. “É muito bonito termos uma cerimónia de reconhecimento porque isto mostra que as Misericórdias respeitam os seus
nomes. Normalmente deixa-se sempre para muito tarde, mas há pessoas que marcaram indefetivelmente o nosso percurso nos últimos 30 anos”, sublinhou, lembrando que, “se hoje estamos aqui todos, é por causa de pessoas como elas que nos ajudaram e nos ajudam até hoje”. Sobre a figura ímpar de Arlindo Maia, considerado por todos como “um mentor”, também Manuel de Lemos partilhou com a plateia aquilo que mais o fascinava no em Arlindo Maia: “Era a permanente boa disposição do engenheiro. Estava sempre bem-disposto e aquela gravata amarela era inconfundível. Exprimia um estado de alma”, confessou, soltando risos e aplausos dos presentes.

Vítor Costa, presidente da Câmara Municipal de Vila do Conde, marcou presença na cerimónia e não deixou de manifestar o seu agrado pelo reconhecimento prestado. Para o autarca, uma homenagem merecidíssima a todos, mas com especial sentimento aquela que lhe toca no coração: “É com enorme satisfação e muita saudade que sinto este ato de homenagear, de forma póstuma, o engenheiro Arlindo Maia. Este grande e enorme vila-condense que deixou uma obra, com um futuro verdadeiramente extraordinário. Não apenas em Vila do Conde, mas creio que um exemplo nacional. Não me esquecerei nunca do que dizia, que quando se davam rosas, ficava sempre o perfume nas mãos de quem as dava e eu creio que isto define muitíssimo bem aquilo que era e é o engenheiro Arlindo Maia”, revelou.

Sobre o papel das misericórdias, Vítor Costa garantiu não ter dúvidas da importância das Misericórdias nas comunidades. “Posso afirmar com convicção que o papel que desempenham é absolutamente fundamental. Naquilo que são os verdadeiros pilares da solidariedade comunitária em áreas tradicionais, da ação social, da saúde, mas hoje bastante mais extensas e com desafios bastante maiores”.

Também presente naquela sessão, a secretária de Estado da Acão Social e da Inclusão, Clara Marques Mendes, começou por agradecer o trabalho que as Misericórdias fazem. E, sem preconceitos, afirmou que “fazem um trabalho extraordinário, substituem-se ao Estado e fazem um verdadeiro serviço público”. Para a governante, “há duas palavras que caracterizam este setor. Uma delas é articulação e a outra é amor. Permitam-me que diga assim, é mesmo amor, e aquilo que nós vimos aqui hoje, nesta homenagem, foi isso”, concluiu.

A convenção das Misericórdias do distrito do Porto reuniu representantes das 21 Santas Casas do distrito, numa tarde em que se debateu a importância da articulação entre a ação social e a saúde.

Voz das Misericórdias, Vera Campos