O programa Bairro Feliz, através do qual cada loja da insígnia apoia uma causa que promova um impacto positivo na comunidade onde se insere, foi implementado pela primeira vez a nível nacional dando voz aos vizinhos e às entidades locais para inscreverem as ideias que gostariam de concretizar no seu bairro ou instituição.
As causas vencedoras e candidatadas pelas Santas Casas envolvem a aquisição de tablets, televisões para estimulação cognitiva e sensorial, equipamentos de fisioterapia, de lazer e infantis, sendo a melhoria do bem-estar dos seus utentes o objetivo comum a todas.
Catarina Santos, psicóloga na Casa da Criança da Misericórdia de Sangalhos, explica que a instituição viu na candidatura a este programa uma oportunidade de conseguir a verba para colmatar uma necessidade que tinham nesta valência, pelo que ficaram “bastante felizes” por terem sido contemplados.
Esta causa baseou-se na aquisição de sofás novos que permitirão renovar a sala de estar que é usada pelas 27 crianças, entre os seis meses e os 14 anos, que a Casa acolhe. Por ser “um espaço coletivo, do qual todos usufruem, é propício à partilha de momentos e diversão” e por isso “merece ter um ambiente mais confortável e seguro para todos”, realça a técnica.
Também a pensar no bem-estar das crianças, o Infantário Carrilho-Garcia da Santa Casa da Misericórdia de Almodôvar dedicou a sua causa à aquisição de equipamentos para o parque infantil.
A educadora Margarida Raposo explica ao VM que esta candidatura pretendeu aproveitar uma oportunidade para conseguir a verba para diversificar o espaço exterior do seu edifício, que, sendo antigo, “pode ser melhorado em termos de equipamento, enriquecendo as atividades e brincadeiras das nossas dezenas de crianças”, sublinha, denotando que são equipamentos que promovem a atividade física, o que “consideramos ser muito importante para desenvolver competências a nível motor”.
Por sua vez, a Santa Casa da Misericórdia do Barreiro apresentou a causa “Aprender a Brincar”, tendo como objetivo criar um parque para melhorar o bem-estar físico e psíquico das crianças do centro de acolhimento temporário (CAT), desenvolvendo as competências cognitivas e sociais.
A diretora do CAT, Sara Dias, reconhece a dificuldade que a instituição tem em canalizar verbas para criar estes espaços mais lúdicos, constatando que o confinamento provocado pela pandemia de Covid-19 “mostrou-nos o quanto são importantes e necessários”.
“Vimos neste programa a oportunidade de conseguir a verba para a aquisição de equipamentos que vão melhorar bastante este espaço de convívio, como uma piscina, um trampolim, entre outros,” dos quais todas as crianças puderam usufruir.
Outro exemplo é a Santa Casa da Misericórdia de Alcantarilha que, tendo como premissa que “o movimento atrasa o envelhecimento”, dedicou a sua causa à aquisição de materiais e equipamentos de fisioterapia para disponibilizar aos utentes, promovendo um processo de envelhecimento ativo, o bem-estar e a qualidade de vida dos idosos institucionalizados.
A terapeuta ocupacional, Ana Aleixo, explica-nos que a instituição, após as obras de ampliação feitas há alguns anos, disponibilizou um espaço para instalação de uma sala de fisioterapia, mas “até ao momento, não tinha ainda sido possível adquirir os equipamentos necessários”.
“Com este apoio do Bairro Feliz vamos poder adquirir alguns equipamentos, não todo o que desejamos, mas o suficiente para podermos começar a trabalhar a reabilitação com os nossos idosos, promovendo um melhor treino funcional e reabilitativo que contribui para a manutenção da sua autonomia”, congratula-se a técnica.
Na Santa Casa de Loulé a participação no “Bairro Feliz” partiu de um desafio das colaboradoras que motivaram a instituição a concorrer com uma causa, como nos confidencia a diretora Tânia Palma, que enaltece como esta ação é representativa da sua preocupação com o bem-estar dos utentes.
“Televisão com estímulos” foi a causa escolhida e tem como base a compra de seis televisões para os quartos dos utentes acamados, que segundo a responsável “vão servir como ferramenta de trabalho, ao contribuir para a estimulação cognitiva e sensorial dos idosos, através do som e de imagens, usufruindo da todas as novas funcionalidades que estes equipamentos dispõem”, melhorando o dia-a-dia dos utentes com dependência total.
O centro de atividades e capacitação para a inclusão (CACI) da Santa Casa da Misericórdia de Tarouca também viu a sua causa ser uma das mais votadas pela comunidade.
Esta resposta social de apoio a pessoas com deficiência pretende adquirir três tablets, que irão proporcionar aos utentes o acesso ao conhecimento, ao lazer, à cultura, à comunicação e, assim, promover a sua capacitação para a alfabetização digital.
A diretora técnica, Telma Carvalho, refere que a instituição não possui material informático suficiente para o número de utentes que apoia, pelo que esta verba será muito importante para a aquisição deste equipamento, dando-lhes a oportunidade “de se dedicarem às novas tecnologias, mas também contactar as famílias e aqueles que lhes são mais próximos”, explica, recordando que “os confinamentos a que fomos sujeitos tornaram mais evidentes estas necessidades”, pelo que “estamos muito satisfeitos por termos sido contemplados”, sublinha a responsável.
Fazem ainda parte da lista de Misericórdias vencedoras do programa “Bairro Feliz” as Santas Casas de Espinho, Beja, Portimão, Alcobaça e Sintra.
Fotografia: Misericórdia de Tarouca
Voz das Misericórdias, Patrícia Leitão