Já nasceu a Santa Casa da Misericórdia de Quarteira. A nova instituição, cuja fundação aconteceu a 28 de fevereiro, tem como objetivo “ajudar a combater os problemas” de uma freguesia algarvia que “tem crescido muito”, mas na qual há falta de respostas sociais.

O ato fundacional da Santa Casa da Misericórdia de Quarteira, acompanhado pelo jornal Voz das Misericórdias, contou com a tomada de posse da comissão instaladora, liderada por Telmo Pinto.

Em declarações aos jornalistas, o também presidente da Junta de Freguesia de Quarteira explicou que a Misericórdia nasceu porque as “necessidades sociais são enormes”.

“O crescimento da nossa freguesia criou novas dificuldades que só vão aumentar. Nós sabemos que há instituições que trabalham bem, mas sentimos que era preciso mais”, considerou.

Apesar de ainda não serem conhecidos os primeiros projetos desta Misericórdia, o presidente da comissão instaladora já tem as prioridades bem definidas.

Uma delas são os “sem-abrigo”, para quem, defendeu, é “urgente criar zonas de pernoita”. A isto juntam-se as respostas para os idosos. “Termos 37 camas de lar numa freguesia como Quarteira não é admissível. Os apoios domiciliários são poucos também e queremos colmatar isso”, garantiu Telmo Pinto.

A comissão instaladora funcionará, no máximo, durante um ano. Depois dessa data limite, têm de ser eleitos os primeiros órgãos sociais, mas a perspetiva de Armindo Vicente, presidente do Secretariado Regional da UMP, provedor da Santa Casa de Vila do Bispo e membro da comissão instaladora, é que a eleição aconteça bem antes. “Eu diria que, em três ou quatro meses, teremos os primeiros órgãos sociais”, adiantou aos jornalistas.

Segundo este responsável, a criação desta Santa Casa da Misericórdia é “um reforço do nosso movimento, numa localidade que está a crescer muito e tem muitos problemas”.

E quais serão os objetivos iniciais? “A nossa ideia é olhar para o diagnóstico local, aferirmos junto das entidades que trabalham na ação social e ver quais são as respostas mais urgentes e emergentes, seja a nível do envelhecimento ou da criação de creches”, disse Armindo Vicente.

O responsável sublinhou ainda o facto de que, desde 1986, não era criada nenhuma Misericórdia na região. “Há 37 anos que o Algarve não tinha a fundação de uma Santa Casa. Na altura, curiosamente, foi em Boliqueime, também no concelho de Loulé, o que faz com este município tenha agora três Misericórdias”, vincou.

Armindo Vicente explicou ainda que a criação desta nova instituição também resultou do trabalho de um grupo, ligado à junta de freguesia, que “partilhou ideias” com a Misericórdia de Vila do Bispo.

A criação da Misericórdia de Quarteira foi “apadrinhada” por Manuel de Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas, que esteve de visita ao Algarve. O responsável garantiu que “não vai faltar apoio” a esta nova Misericórdia. Manuel de Lemos elegeu mesmo a fundação desta nova instituição como um dos pontos altos dos dias que passou na região algarvia.

Vítor Aleixo, presidente da Câmara de Loulé, também participou no ato fundacional desta Santa Casa. O autarca considerou que a criação desta nova identidade vem mostrar a “vitalidade” de Quarteira. “É um momento de alegria e um momento importante para a cidade. A sua comunidade católica organizou-se para fundar uma nova organização. É um sinal de que Quarteira continua a crescer e a apetrechar-se para resolver os seus problemas”, considerou.

Em representação de D. Manuel Neto Quintas, bispo do Algarve, esteve o cónego César Chantre que deixou algumas ideias aos fundadores. “Nunca permitam que as diferenças signifiquem divisões. Cultivem as diferenças para estarem unidos para a defesa do bem comum”, disse.

Voz das Misericórdias, Pedro Lemos