“É esta fase da vida que temos de discutir e de definir para saber o que fazer, mas os lares têm o seu papel e não vão desaparecer, têm é de mudar”, numa reflexão sobre o modelo de lar em Portugal, publicada no Diário de Notícias, a propósito do surto de covid-19 em Reguengos de Monsaraz.
A criação de brigadas de emergência, em todo o país, para reforçar os recursos humanos nos lares mais afetados pela pandemia, e a integração dos profissionais do setor social nos grupos prioritários da campanha nacional de vacinação para a gripe, que inicia a 28 de setembro, são medidas bem-recebidas, mas nalguns casos insuficientes para as necessidades no terreno.
Comentando a criação das brigadas de emergência, o vice-presidente da UMP, Manuel Caldas de Almeida, considerou que esta “task force vai mitigar o problema, mas não vai resolvê-lo porque a própria estrutura dos lares não está preparada para casos de doença aguda. A verdadeira solução era ter uma equipa permanente em cada lar, com médico, enfermeiro e terapeuta, para gerir o plano de cuidados e fazer uma intervenção clínica”.
Por outro lado, acredita que esta medida vem dar continuidade ao tratamento de utentes no seio de estruturas que não reúnem condições físicas e humanas adequadas para isolar infetados e prestar cuidados de saúde. “Temos de deixar de nos culpabilizar e trabalhar em parceria para resolver de vez a questão dos lares e isso significa reconhecer que é preciso ter cuidados de saúde nos lares, de forma permanente e não apenas quando há infetados”, alerta.
Para a enfermeira da Comissão de Controlo de Infeção da UMP, Paula Nobre, “o grande problema é quando permitimos que pessoas frágeis e doentes, com coronavírus, se mantenham num local sem prestação de cuidados de saúde diferenciados”.
Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas
Fotografia: José Artur Macedo