Recentemente aposentada, desempenhou as funções de diretora técnica do serviço de apoio domiciliário e do Centro de Apoio Educativo e foi responsável pelas cantinas sociais. Mas a biografia daquela que foi parte da sua vida remonta ao ano de 1976 e é aí que se deve começar.
Dia 1 de agosto de 1976, Maria do Céu Teixeira entrou pela primeira vez nas antigas instalações da Misericórdia de Lamego, com apenas 20 anos, para trabalhar como vigilante na creche e jardim de infância. “Entrei acompanhada pelo provedor da época, que cinco anos mais tarde veio a ser o meu marido”, relembrou emotivamente.
Maria do Céu desempenhou várias funções, deixando ao longo dos anos uma marca indelével naquela que foi a sua "segunda casa", ao ensinar a todos que por lá passaram, a responsabilidade e educação pelos outros, sobretudo, pelos mais vulneráveis.
“Dediquei-me sempre a 100% à instituição. Coloquei muitas vezes a Misericórdia na frente da minha própria família, levava as preocupações comigo para casa, porque, no fundo, eu só queria o bem de todos aqueles que estavam sob a minha responsabilidade”, apontou.
Ao longo de toda esta história de uma vida cheia, há duas palavras que sobressaem: “verdade e honestidade”. “Nunca permiti mentiras nem rumores. Os problemas tinham de ser tratados com frontalidade e à base da verdade. Julgo que este foi o meu segredo. Posso dizer orgulhosamente que nestes 46 nunca tive nenhum conflito e acho que ninguém me pode apontar o dedo”, sublinhou.
Era uma verdadeira mulher dos sete ofícios. Foram muitos os serviços desempenhados por Maria do Céu Teixeira e todos eles são recordados com um brilho no olhar, desde o trabalho como vigilante, do primeiro dia, até ao trabalho de diretora técnica, aquando da sua aposentação.
“Quando a Misericórdia começou a ter transporte para as crianças, o provedor da altura recebeu uma carrinha nova e foi-me entregar as chaves para eu conduzir. Acabei por também ser motorista durante imensos anos”, recordou.
No entanto, dentro de todos os serviços há algo comum: a proximidade com as pessoas. “Eu lidava muito com toda a gente e gostava sempre de falar com as pessoas e de saber se estava tudo bem. Isso era a minha principal preocupação”, destaca.
Desde as festas que teve a oportunidade de organizar para as crianças, até às festas para os utentes do apoio domiciliário, Maria do Céu recorda que via na cara das pessoas “a alegria de estarem ali” e isso é que a motivava todos os dias. “É fenomenal sentirmos que estamos a fazer com que os outros sejam alegres”.
Devido aos anos a fio a lidar com crianças, atualmente já se cruza com segundas e terceiras gerações de pais e filhos que acompanhou dentro das portas da Misericórdia.
Ao percorrer as ruas e calçadas históricas de Lamego, Maria do Céu não é indiferente a quem por ela passa, quer seja pelo serviço prestado a várias gerações de crianças, seja pela simpatia e educação que lhe é característica.
Agora, já aposentada, “para gozar a reforma com qualidade e para dar lugar a outros”, Maria do Céu conta que tem neste momento uma nova missão. “Vou tomar conta dos meus netos, da minha mãe e de toda a minha família”.
Após uma vida dedicada à causa social, promete agora passar o resto da sua vida dedicada à causa familiar e às amigas, com quem religiosamente se encontra várias vezes por semana, de forma a desfrutar um merecido descanso.
Voz das Misericórdias, Daniela Parente