Grande parte dos utentes da instituição não sabem da sua paixão pelo futsal, modalidade desportiva que pratica desde muito cedo. Como nos conta Isa Fontes, começou por jogar futebol 7 (dos nove aos 11 anos de idade, sendo a única futebolista no clube da sua terra), mas teve a “felicidade” de principiar o seu percurso no futsal “numa altura em que era permitido iniciar aos 12 anos no escalão sénior”, na sequência de um torneio de “futebol de praia”, muito badalado na região. Hoje, a atleta conjuga a prática regular de futsal com a sua vida profissional nesta instituição condeixense de apoio social, entidade que reúne um conjunto de serviços destinados, sobretudo, aos cidadãos mais desprotegidos, visando prevenir as situações de desigualdade e as vulnerabilidades sociais.
Desde a Associação Atlética de Arganil e a União Recreativa Sarzedense (apesar da mudança de nome, a equipa era a mesma), Isa Fontes integrou diversos coletivos, como o da extinta formação da PRODECO-Progresso e Desenvolvimento de Covões e o do Clube Desportivo Ourentã (ambos no concelho de Cantanhede), além da Casa do Benfica de Mortágua (onde esteve duas épocas), do Grupo Desportivo Tabuense e da Associação Recreativa Cultural e Desportiva Venda da Luísa (em Condeixa-a-Nova). Posteriormente, regressa à equipa de Ourentã (então, a disputar na I Divisão Nacional) e, na mesma época (2018/19), passa a fazer parte da equipa de futsal feminino da Académica (que ainda competia a nível distrital), onde se manteve até agora. Na posição de ala, Isa Fontes reúne no seu palmarés (ou lista de conquistas desportivas) o título de campeã distrital da Associação de Futebol (AF) de Coimbra, o primeiro lugar no Torneio Protocolar Interassociações pela Seleção Distrital Sub-19 da AF de Coimbra, assim como de vice-campeã nacional pela Seleção Distrital Sub-19 da AF de Coimbra, entre outros.
Na última época (2021/22), a Académica competiu no Campeonato Nacional Feminino da II Divisão de Futsal e saiu campeã, numa disputa inicial de 12 clubes divididos por duas séries (norte e sul), em que os três primeiros classificados de cada série prosseguiram para uma segunda fase. “Conseguimos a proeza de levar a Académica à elite do futsal feminino, pela primeira vez na história do clube”, declara Isa Fontes ao VM, não se considerando propriamente uma goleadora, porque prefere desenvolver a técnica de assistir ou de fazer o passe da bola o mais próximo possível da área de marcação do golo.
Na opinião desta jovem mulher, o futsal, como modalidade desportiva de equipa, incentiva a partilha e a construção coletiva. “Privilegia o sentimento de que não fui eu que marquei o golo, mas toda a equipa”, reforça a nossa entrevistada, adiantando: “Procuro ser e fazer mais não apenas por mim, mas também pela minha colega do lado”. Nessa convicção, enquanto profissional de comunicação e assistente clínica na Santa Casa da Misericórdia de Condeixa-a-Nova, Isa Fontes quer “fazer tudo para ajudar quem está ao lado”. “Isso, naturalmente, passa do desporto para a vida”, conclui.
Voz das Misericórdias, Vitalino José Santos