Foram mais de 40 anos de carreira musical, depois de começar a aprender música aos oito anos. Carlos Gomes foi sargento-mor músico instrumentalista, tendo dirigido, um pouco por toda a parte, diversas orquestras, como a da Força Aérea, filarmónicas, ligeiras, entre outros. Uma vez reformado, pensou: “Reformar-me significa que é trabalho não remunerado, portanto vou arranjar um hobbie dentro da área da música.”
Por acaso ou por destino, foi assim que aconteceu. Desde o início dos ensaios que o grupo tem explorado músicas do cancioneiro popular e Carlos Gomes tem mantido “o cuidado de não os expor demasiado para que não sintam que aquilo é uma obrigação”. Começam com exercícios para aquecer a voz, muito suaves, para progressivamente procurarem uma extensão maior com as cordas vocais.
A principal diferença para Carlos Gomes em relação à sua carreira musical é o grau de exigência: “Ali temos de partir do zero, primeiro temos de conseguir captar a melodia. Alguns por vício ficaram na juventude com a canção memorizada de uma maneira que não corresponde ao original e tirar-lhes essa memória é a parte mais difícil”. Por isso, o grau ajusta-se à realidade: “A nossa grande aposta é começar ao mesmo tempo, terminar ao mesmo tempo e no mínimo cantarmos a mesma melodia. Demora mais? Repetimos mais vezes. Eles não têm pressa e eu também não”.
O plano é continuar a trabalhar e, ao seu tempo, abrir o grupo à comunidade para envolver quem estiver interessado e fazer apresentações. Para Carlos Gomes, o coro acaba por ser uma espécie de “terapia ocupacional”, onde o que importa é que todos “saiam satisfeitos, bem-dispostos e a saber que ocuparam aquele tempo alguma qualidade”.
Voz das Misericórdias, Duarte Ferreira