Na lista dos 25 concelhos considerados de risco extremo, Mangualde, Tabuaço e Armamar não puderam vacinar todos os utentes e trabalhadores

O presidente do Secretariado Regional de Viseu da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), José Tomás, explicou ao VM que espera receber a vacina contra a Covid-19 no período em que os lares gozam da imunidade da doença, ou seja, nos primeiros três meses após testarem positivo ao vírus SARS-CoV-2.

A declaração surge a propósito da primeira semana de vacinação em estruturas residenciais. Na lista dos 25 concelhos considerados de risco extremo, Mangualde, Tabuaço e Armamar não puderam vacinar todos os utentes e trabalhadores porque registavam casos positivos de Covid-19.

“Para quem não teve agora oportunidade de ser vacinado, o que se espera é que seja o mais rápido possível. Espero que não haja uma penalização grande pelo facto de na primeira ronda de vacinação estar num surto”, desejou José Tomás.

O também provedor da Misericórdia de Mangualde enfrentou desde dezembro surtos em dois espaços, no Lar da Senhora do Amparo e na Residência Sénior, o que não permitiu a vacinação nesses equipamentos, mas foram administradas 104 vacinas no Lar Morgado do Cruzeiro e na unidade de cuidados continuados.

Também no distrito de Viseu, nos concelhos de Armamar e de Tabuaço não foram vacinados os utentes e trabalhadores dos lares das Santas Casas locais, precisamente por estarem ainda com casos ativos que surgiram em meados de dezembro.

No entender de José Tomás, as instituições com surtos “já foram penalizadas o suficiente” com a presença do vírus e a vacina não chegar no período em que, aparentemente, se está imune ao vírus “será uma dupla penalização”.

“Ou seja, esperemos que não seja retardada muito a vacinação para quem nesta primeira ronda não foi vacinado porque não tinha condições”, apelou o provedor.

O surto acaba por criar uma “certa imunidade de grupo, pelo menos durante um certo tempo”, segundo a informação que o provedor recolheu junto das entidades de saúde, ou seja, no seu entender, “o tempo da garantia dessa imunidade, pode ser o tempo necessário para que numa fase posterior sejam vacinadas as pessoas que agora não foram”.

“A informação que temos é que os primeiros três meses após ter estado positivo ao vírus é que estamos imunes, por isso, é bom que a vacina não ultrapasse os três meses da imunidade e que a vacina não seja protelada sob pena destes lares terem, novamente, a vida dificultada”, defendeu.

Assim, continuou, as instituições que não puderam ser vacinadas na primeira fase por terem surto “deverão entrar na prioridade estabelecida para a vacinação dos idosos e utentes dos lares, na primeira oportunidade”.

“Não há aqui um problema, há um hiato de tempo”, admitiu José Tomás, adiantando ao VM que “toda a gente entende porque é que não foram vacinadas” nos espaços onde há casos ativos. “As pessoas percebem que por uma questão de precaução e saúde não podem ser vacinados nesta altura”.

“Mas também estão crentes que serão vacinadas numa segunda oportunidade que será em breve, portanto, o facto de não serem vacinadas agora não causam problema, nem nenhuma situação de desigualdade”, admitiu.

José Tomás adiantou que “todos os dias” são reportados para a Segurança Social e para a UMP os números ativos, os novos casos e os recuperados, ou seja, todos os dados relativos à Covid-19.

"Quando estivermos sem casos positivos, eu próprio tomarei a iniciativa de falar com as entidades de saúde para acelerar este processo junto dos lares que não foram vacinados”, avisou o provedor.

Voz das Misericórdias, Isabel Marques Nogueira