Luísa Pinto
Marco de Canaveses
Tudo mudou em 2007 quando Armando sofreu um AVC. A partir desse dia, a vida de Luísa passou a estar focada nas consultas, reabilitação e sobrevivência do marido. Aprendeu a cuidar dele, a dar-lhe de comer, levantar e ajudar a andar. Recomeçaram do zero a vida que tinham iniciado décadas antes. “Somos muito unidos. Já vamos fazer 45 anos de casamento”. Luísa leva à letra os votos do matrimónio que mandam zelar pelo parceiro “nos bons e maus momentos, sempre, sempre”. O amor é partilhado pelos filhos, que ligam diariamente e “estragam o pai com mimos”. A filha Conceição, que vive nas imediações, não passa um dia sem os visitar para ajudar nos banhos, compra de medicação e alimentos. Outro dos pontos altos da semana é a visita das técnicas do Serviço Móvel de Saúde, que já “são como família, muito carinhosas e sempre disponíveis para ajudar”. O aumento do número de casos, no âmbito da segunda vaga da pandemia, fez suspender as visitas, que agora chegam sob a forma de telefonemas. “Fazem muita falta em tudo, estou 24 horas por dia aqui fechada”. Este ano, o Natal não será passado com os seis filhos para evitar reuniões alargadas, mas sabe que sozinha não fica. “A minha filha já me disse que passa comigo, seremos cinco”.
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Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas