As Maias têm origens que se perdem no tempo. Historicamente o ritual de colocar flores na rua acontece na noite de 30 de abril. Presente em todo o país, a tradição revela aspetos diferentes em cada região, mas com um denominador comum: as Maias floridas e o seu significado.
Este costume é visto como uma saudação à chegada da primavera, como um pedido de fertilidade para o novo ano agrícola, mas há também quem acredite ser uma forma efetiva de proteção e esconjuro à presença do mal. A cair no esquecimento, esta tradição tem-se mantido viva com a ajuda dos idosos das Misericórdias portuguesas que, ano após ano, fazem questão de manter viva a tradição.
A norte do país, o costume é dominado pelo enfeitar das janelas e portas com os ramalhetes de giestas e outras flores amarelas apanhadas no campo. Nas Misericórdias de Albergaria-a-Velha, Estarreja, Paredes de Coura, Vale de Cambra e Vila Verde foram os utentes e colaboradores que deram vida aos ramalhetes e coroas de flores. Primeiro foram até ao campo apanhar as giestas para depois, minuciosamente, entrelaçarem as flores até as coroas estarem concluídas e prontas a sair à rua.
A sul, além de se enfeitarem janelas e portas também é costume juntar-lhes um boneco feito de palha e trapos brancos, que vestidos a rigor e adornados com flores amarelas têm sempre ao lado uma quadra satírica ou gracejos sociais. Foi o que fez a Misericórdia de Ansião (ver texto ao lado).
No Algarve, Faro e Lagos colocaram mãos à obra e deram corpo a bonecos em situações quotidianas variadas. Camponeses, homens a jogar dominó, uma costureira, um casal na praia, outro casal num piquenique no campo e uma noite de fados foram algumas das Maias que decoraram as instalações das duas Misericórdias. Voz das Misericórdias, Sara Pires Alves