Universal, gratuita e facultativa, a vacina contra a Covid-19 começou a ser administrada a 5 de janeiro nas estruturas residenciais para idosos (ERPI) e unidades de cuidados continuados (UCC) das Misericórdias do distrito de Bragança.
Nesta primeira fase e de acordo com o risco epidemiológico dos concelhos (risco extremamente elevado de contágio), foram vacinados utentes e colaboradores das Misericórdias de Alfândega da Fé, Bragança, Macedo de Cavaleiros e Vimioso.
A 9 de janeiro, foram administradas cerca de 282 doses a utentes e colaboradores das três ERPI da Santa Casa de Bragança. “Estou à espera deste momento desde que comecei a ouvir falar da vacinação em Inglaterra. Por isso, hoje é um dia muito feliz para mim”, revela Vítor Silva, utente da ERPI. Os 94 anos permitem-lhe dizer, com propriedade, que “a vacina é vida”. “Testei positivo em outubro e dou graças a Deus por estar vivo e com saúde”, reitera.
Para o provedor Eleutério Alves, a vacina é encarada como “um passo essencial” no combate à pandemia, na medida em que se inicia a imunização de pessoas de idade avançada (a maioria já com várias patologias associadas) e dos seus cuidadores, “garantindo-lhe, após a administração da segunda dose, uma maior proteção”.
“Tenho a consciência que a primeira fase é um passo importante para um processo de imunização, essencial para a nossa qualidade de vida, dado que pela idade, somos um pouco mais vulneráveis e precisamos de sentir alguma segurança em termos de saúde”, corrobora a utente Ana Nogueira. Aos 81 anos, não tem dúvidas: “esta vacina é essencial para mim e para todos os residentes desta casa”.
Três médicos e seis enfermeiros da Unidade Local de Saúde do Nordeste deslocaram-se à Misericórdia brigantina para a primeira inoculação. “Esta etapa é encarada por todos como um passo de esperança e de maior motivação, não só pelos residentes, como também pelos profissionais, sempre com a consciência da necessidade de manter todas as medidas de proteção e de segurança”, sublinha o provedor.
Entre os utentes da Misericórdia de Alfândega da Fé não houve reservas: “todos tomaram a vacina, à exceção de um utente porque o médico entendeu que não deveria tomá-la por causa de reações alérgicas”. Lídia Martins, diretora técnica, acrescenta que, agora, os utentes estão “mais otimistas porque a vacina é outra esperança”. Há, pelo menos, a expectativa de poder sair da instituição “para dar uma voltinha, uma vez que estão fechados há quase um ano”.
Já no que toca aos 66 funcionários, só 58 é que responderam à chamada. “A vacinação arrancou no dia 5 de janeiro e por termos sido dos primeiros a nível nacional, alguns tiveram medo e não quiseram tomar. Houve também alguns que já tinham testado positivo”, explica a diretora técnica. Sem qualquer reação adversa, os 119 vacinados aguardam por 26 de janeiro, dia da 2ª toma da vacina.
Foi no Dia de Reis que a vacinação arrancou na Misericórdia de Vimioso, onde desde o início da pandemia se registaram dois casos positivos. “Quando souberam que íamos ser dos primeiros, houve um bocadinho de apreensão, mas depois do esclarecimento dos médicos, houve confiança para aderir”, refere Cristina Quina, coordenadora da Misericórdia de Vimioso.
Todo o processo “correu muito bem”, com “datas previstas cumpridas e dentro das horas planeadas”. “Na UCC, toda a gente foi vacinada, à exceção de duas colaboradoras que estavam em isolamento profilático”, refere a responsável. Aos 21 utentes e 24 funcionários vacinados na UCC juntaram-se mais 66 utentes e funcionários da ERPI.
Cristina Quina confidencia que os utentes “já veem a salvação”. “Há um certo alívio e estão contentes porque já não estão tão confinados aos quartos e já vão poder jogar às cartas e, aos poucos, retomar a rotina.” As famílias também “estavam ansiosas que chegasse este dia” para uma contagem que desejam que seja agora decrescente: “esperam que as portas se possam abrir para poder visitar e abraçar os seus familiares”.
Já em Macedo de Cavaleiros, a Misericórdia debateu-se, no final do ano, com um surto que afetou cerca de 40 pessoas no lar do edifício-sede. Aguarda-se que a vacinação “esteja para breve, uma vez que os últimos quatro utentes já tiveram alta”. No entanto, no lar do Lombo foram vacinados 46 utentes e 17 funcionários. “Dois utentes não foram vacinados por questões médicas e um outro porque já tinha tido Covid-19. Houve 14 funcionários que recusaram porque tiveram receio e dois já tinham testado positivo” explica o diretor técnico, Adelino Cordeiro.
Aquando do ato vacinal, correu “tudo bem, com uma utente ou outra mais nervosa, mas foram ficando mais tranquilas” e não se verificaram quaisquer efeitos secundários. “Não houve nenhuma recusa dos utentes e perguntámos a todos os familiares se concordavam, informando que a vacina era gratuita e livre, mas todos acharam que era a esperança que nos podia valer”, conclui Adelino Cordeiro.
Voz das Misericórdias, Patrícia Posse