Estávamos nos finais de 2016 quando a Santa Casa da Misericórdia de Vagos tomava a decisão de adquirir o jornal “Eco de Vagos”. A publicação, que em 2021 completa um século de existência, vivia dias de agonia e a sua edição havia sido interrompida. Da decisão à prática passaram, sensivelmente, 12 meses. Um ano para preparar, organizar, definir, inovar. O primeiro número da quarta série do Eco de Vagos chegou aos leitores em janeiro de 2018.
Uma chegada que se faz de forma gratuita e muito bem acolhida. Jorge Oliveira, diretor delegado da Santa Casa vaguense, conta-nos: “Decidimos que o jornal seria distribuído de forma gratuita. Para além de ser o nosso contributo cultural e social, foi também uma forma de preservarmos um património da região”. Com uma periodicidade mensal, as 16 páginas, todas impressas a cor, são o espelho da vida associativa do concelho de Vagos.
“Essencialmente damos eco ao que se faz de cariz social e cultural, não esquecendo também a realidade desportiva. Damos, a cada uma das dez instituições do concelho, um espaço para que, todos os meses, divulguem as suas atividades de forma completamente gratuita”, continua.
Perguntamos: 16 páginas, onde se inclui a publicidade daqueles que ajudam a custear a publicação, são suficientes? A resposta é: “às vezes não”. De facto, sendo este um veículo privilegiado para divulgar tudo aquilo que é feito na Misericórdia de Vagos, nalguns meses poderia ser benéfico que o jornal tivesse mais páginas. “Aumentar o número de páginas poderá ser uma realidade no futuro”, assume Jorge Oliveira.
Mas, esta não é a única ideia em mente. O diretor sorri e dá voz ao pensamento. “Quem sabe criarmos a Liga dos Amigos do Eco? Angariarmos algumas verbas que permitam enviar o jornal à comunidade vaguense que se encontra emigrada ou mesmo para a morada dos nossos leitores?”. A vontade de continuar com mais conteúdo é motivada pela aceitação e feedback positivo que as últimas cinco edições registaram. “É um prazer para a Santa Casa saber que os nossos leitores nos leem com carinho e interesse”, reconhece.
Cabe a Lígia Almeida, responsável pela comunicação e imagem na Santa Casa de Vagos, receber, corrigir, tratar todos os conteúdos da edição. “Dá algum trabalho, mas fazemos com gosto”. Quando o ‘deadline’ se aproxima e ainda faltam alguns textos, há que “lembrar que está na hora”.
Às diversas valências da Misericórdia está reservado, mensalmente, o seu espaço para divulgação das atividades realizadas ou a realizar. Há ainda lugar para a opinião. “Em cada edição temos a opinião de duas pessoas, com mérito profissional e pessoal reconhecido e raízes vaguenses. Sentimos que aceitam, com agrado, o convite que lhes fazemos para escreverem no Eco de Vagos”, sustenta Lígia Almeida.
Saúde, justiça, energias renováveis, entre outros, são alguns dos temas abordados na rubrica Consultório. No dia 15 de cada mês, o jornal, que tem uma tiragem de 2000 exemplares, pode ser encontrado nalgumas bancas e em locais específicos do concelho. Com presença assídua nas redes sociais, e na internet, através do site www.ecodevagos.pt, certo é que a publicação, que caminha para o centenário, soube modernizar-se e acompanhar a realidade tecnológica do seculo XXI.
A Misericórdia de Vagos acolheu nas mãos um património que, doutro modo, poderia ter desaparecido. No futuro, pretende continuar a melhorar e a contribuir para que a cultura e a área social, os seus conteúdos com maior realce, encontrem nas páginas deste semanário o seu local de eleição privilegiada. Afinal, conforme se lê no editorial da edição lançada em janeiro deste ano, “esta publicação, fundada por Fernando Silva a 1 de Maio de 1921, apenas terá mudado de dono. A receita, essa vai manter-se, como manda a tradição e fazer (bom) jornalismo, sempre que a matéria-prima é feita de objetividade e proximidade, ancorada na realidade do quotidiano”.
Voz das Misericórdias, Vera Campos