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- Vendas Novas | Proximidade da Santa Casa é compromisso com rosto
A Santa Casa da Misericórdia de Vendas Novas assinalou, no dia 14 de dezembro, o seu primeiro centenário. A cerimónia oficial de celebração da data decorreu no Centro Sociocultural e foi presidida pelo arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho.
Na presença de várias entidades parceiras, entre as quais a autarquia e a Segurança Social de Évora, a provedora da instituição, Helena Candeias, fez um enquadramento da memória do passado e perspetivou “um futuro ambicioso, que corresponda às necessidades da população”.
“É com muito orgulho que a Santa Casa celebra um século de vida, com o arranque da obra de reabilitação do antigo Hospital Dr. Custódio Cabeça, abrindo assim caminho para novos projetos”, começou por anunciar a provedora.
“Que venha mais um século, para que os objetivos se concretizem (e irão concretizar-se) e a Misericórdia prossiga com a missão para a qual foi fundada”, disse ainda Helena Candeias, que ocupa o cargo desde 2015.
“Ao longo dos tempos, esta Santa Casa sofreu obras, sempre no sentido de melhor servir e garantir o bem-estar e o conforto e a qualidade da vida dos nossos utentes”, afirmou, acrescentando que a nova empreitada de reabilitação do antigo hospital, “com fundos próprios”, tem a finalidade de transformar o edifício numa extensão do lar para dar resposta a uma grande lista de espera.
“Saberemos construir o futuro à medida da grandeza desta instituição e da sua história, respeitando os seus valores. As pessoas estão sempre em primeiro lugar”, garantiu a provedora.
Presente na cerimónia, o arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho alertou, no seu discurso, para as consequências da desertificação e do envelhecimento populacional no Alentejo, temendo pelo futuro de muitas aldeias, freguesias e até de pequenas vilas da região.
"Daqui a algum tempo não vão ter só falta de crianças, como já se sente nos infantários, creches e berçários. Vão começar também a sentir falta de idosos nos centros de dia, apoios domiciliários e lares, porque pressinto que, em alguns sítios, as listas de espera dos idosos para os lares já estão a diminuir", disse. O arcebispo de Évora identificou ainda "um problema novo" na região, indicando que "algumas instituições já têm dificuldades de recrutamento de funcionários".
Nesse sentido, elogiou o trabalho que está a ser realizado pela Misericórdia de Vendas Novas. “A proximidade das Santas Casas faz uma auscultação quase pessoa a pessoa e quando propõe uma resposta não parte de um conceito teórico. Esta proximidade é um grande valor, é o compromisso com rosto. A Misericórdia tem rosto e como tal as pessoas veem o olhar e sentem a mão e como podemos perceber é uma resposta personalizada e por isso humanizada”, afirmou D. Francisco Senra Coelho, convidando a um “compromisso de cidadania” para que sejam apoiados “todos aqueles que, no terreno, fazem pela nossa terra, para que seja bom aqui viver e permanecer”.
A representar a União das Misericórdias Portuguesas esteve o presidente do Secretariado Regional de Évora. Para Manuel Galante, a celebração deste centenário é de “grande significado”, uma vez que demonstra a vitalidade desta Santa Casa. “O testemunho que recebemos dos fundadores das nossas Misericórdias deve manter-se sempre vivo”, apelou.
Uma ideia secundada por José Ramalho, diretor da Segurança Social de Évora, que destacou o “papel único” destas instituições nas comunidades. “Reconhecemos o trabalho absolutamente meritório que as Misericórdias têm feito no País, em respeito pelos valores do humanismo, da ética, do respeito e da confiança. Um papel de proximidade, de fazer pelos outros o que o Estado, muitas vezes, não tem sido capaz de fazer”, afirmou.
Afirmando que a Santa Casa de Vendas Novas “nunca recusou desafios”, José Ramalho anunciou que a instituição será a entidade coordenadora do Contrato Local de Desenvolvimento Social (CLDS) que a Segurança Social pretende iniciar no início de 2020, para “combater a desertificação”.
A ideia de parceria foi igualmente destacada pelo presidente da Câmara Municipal de Vendas Novas. Segundo Luís Dias, “sempre que existe um novo desafio a lançar na área social, podemo-nos socorrer da Santa Casa como entidade coordenadora porque consegue garantir uma melhor resposta”.
As comemorações deste centenário incluíram ainda, nos dias 12 e 13 de dezembro, um espaço dedicado à pessoa idosa sob a temática “Participar, conviver e interagir”, que decorreu no Centro Sociocultural.
Voz das Misericórdias, Filipe Mendes