Nem a pandemia trava a campanha “Um brinquedo, um sorriso”, promovida pela Santa Casa de Vila Pouca de Aguiar há mais de uma década

Em 2020, os encontros familiares adiaram-se, os dias correram sem celebrações e as distâncias sociais tornaram-se regra. Mas dezembro volta a levar a equipa da Misericórdia de Vila Pouca de Aguiar a abraçar a iniciativa “Um brinquedo, um sorriso”. O objetivo é ir ao encontro de 90 crianças carenciadas do concelho para que continuem a acreditar na magia do Natal.

“Apesar do contexto que se vive [por causa do novo coronavírus], não quisemos deixar de manter o espírito de solidariedade associado a esta iniciativa”, sublinha a mesária Ana Rita Dias.

Esta campanha de angariação de brinquedos vive da solidariedade da comunidade local que, durante um mês, deixa o seu contributo nos oito pontos de recolha distribuídos por Vila Pouca de Aguiar e Pedras Salgadas. “Depois de selecionados conforme as idades e o género, os brinquedos vão ser distribuídos entre os dias 18 e 23 de dezembro, nas 14 freguesias do concelho”, refere aquela responsável.

Ao todo, serão abrangidas 90 crianças (até aos 12 anos), inseridas em famílias socialmente desfavorecidas. “Contamos com o apoio dos presidentes de juntas de freguesias que conhecem, de perto, essas realidades e que têm maior proximidade com as famílias. Temos também as que são referenciadas nas cantinas sociais”, esclarece Ana Rita Dias.

Nascida em 2003, pelas mãos de um grupo de jovens, a campanha “Um brinquedo, um sorriso” acabaria por ser “adotada” mais tarde pela Misericórdia aguiarense e, desde então, nunca conheceu uma interrupção. Para o sucesso deste projeto, tem contribuído o envolvimento de particulares e empresas locais. É o caso de António Pedro Santos, responsável por uma superfície comercial: “temos colaborado todos os anos, com todo o gosto”. “O tempo que passa desde que começou até agora diz bem do mérito da iniciativa da Santa Casa em que nós temos o orgulho de estar a colaborar”, acrescenta.

Ao empregar mais de 30 pessoas, António Pedro Santos sente “uma enorme responsabilidade em termos cívicos” na área geográfica em que opera. “Temos de colaborar para aligeirar, dentro das possibilidades, aquilo que são as maiores dificuldades das pessoas. Nos momentos que estamos a viver, que são muito complexos por toda a necessidade de estarmos mais contidos, reservados, distantes e com receio do desconhecido, um simples sorriso é extremamente importante.”

A cada ano, o número de crianças a receber peluches, bonecas, carrinhos e outros brinquedos solidários tem vindo a aumentar e, face às dificuldades e carências desencadeadas pela pandemia, a campanha deste ano assume um significado ainda mais crucial. “As famílias recorrem mais a pedidos de ajuda, também pelo desemprego desencadeado pela Covid-19”, admite Ana Rita Dias.

Além de contribuir com brinquedos, António Pedro Santos disponibiliza espaços para a recolha dos bens e a sua perceção é que a adesão tem sido “normal”. “Há um maior constrangimento na circulação de pessoas, mas a generosidade está mais ativa”, salienta.

Voz das Misericórdias, Patrícia Posse || Foto de arquivo