Misericórdia de Vouzela deixa um presente diferente no sapatinho dos trabalhadores: vales de compras para usar no comércio local

A Santa Casa da Misericórdia de Vouzela, este ano, deixa um presente diferente no sapatinho dos cerca de 120 trabalhadores da instituição. Em vez do tradicional cabaz de natal serão entregues vales de compras para usar no comércio local.

“Em reunião de direção discutimos a ideia e chegámos à conclusão que, se calhar, nem toda a gente quer o champanhe e os bombons. Possivelmente dão mais valor a outros produtos, algo que realmente faça falta e não algo que podem até nem gostar ou ter interesse”, justificou o provedor ao jornal Voz das Misericórdias.

Luís Alcides Melo explicou que, com vales de compras, “os trabalhadores vão comprar algo que realmente precisam e/ou que gostam, em vez de receberem algo que não consomem, ou não precisam, ou nem gostam e acabavam por desvalorizar ou colocar a um canto”.

Assim, continuou o provedor, “cada uma das cerca de 120 pessoas, os 114 trabalhadores, mais os fisioterapeutas, que são nove, e os elementos mais novos, que estão cá há menos de um ano, porque ninguém ficou de fora, recebem vários vales para comprarem o que precisam”.

O tradicional cabaz que recebiam custava na ordem dos 25 euros, “mas a direção achou por bem subir o montante um bocadinho, o possível, para 30 euros”, para usarem numa das 42 lojas do concelho de Vouzela que aderiram à iniciativa.

“Em vez de ser um vale de 30 euros que as pessoas teriam de gastar tudo na mesma loja, dividimos por vales de cinco euros, num total de 30, para poderem usar em lojas diferentes, se assim o entenderem”, explicou.

Entre os empresários aderentes há minimercados, restaurantes, lojas de informática, de roupa, papelarias, “até a cooperativa agrícola aderiu” e, por isso, “há um leque variado de lojas no concelho” para se usarem os vales.

Uma iniciativa que também agradou os empresários uma vez que atravessam uma “fase muito difícil, porque já não basta a dificuldade da interioridade, ainda mais com a pandemia que só veio agravar a situação”.

Uma ação que, segundo contou o provedor, “deverá ser replicada noutros concelhos”, uma vez que recebeu “telefonemas de outros provedores próximos que souberam disto e pediram ajuda para fazerem igual”.

“Com esta iniciativa, a Santa Casa da Misericórdia de Vouzela contribui com 3.600 euros no comércio local. Os comerciantes, após receberem os vales têm um mês para os juntarem e apresentarem à Misericórdia para nós lhes pagarmos, ou seja, é dinheiro real a entrar no comércio e são os nossos trabalhadores a escolherem o que realmente precisam”, defendeu.

No entender de Luís Alcides Melo, “é o mínimo, como forma de agradecimento pelo trabalho que todos fazem na instituição, que só é o que é por causa dessa dedicação e esforço” e, por isso, esta nova direção, “sempre que pode, mima quem tudo dá pelos outros”.

“Pela Páscoa conseguimos mimar com mais 100 euros os funcionários e agora é este cabaz diferente. Nas festas maiores são mimos maiores e mais fortes, porque de vez em quando gostamos de os surpreender com um miminho”, contou.

Entre os mimos “mais ou menos habituais” estão uns bombons que aparecem junto dos seus pertences, ou “um pequeno agrado, só para que saibam que a administração pensa neles, reconhece o seu trabalho e é-lhes muito grata pelo que fazem”.

Gestos que considera “importantíssimos, apesar de, às vezes, ser quase simbólico para quem recebe,” para que as pessoas “se sintam valorizadas e reconhecidas” no trabalho que desenvolvem a cuidar dos outros e “saibam que também cuidam deles”.

Voz das Misericórdias, Isabel Marques Nogueira