Dez artistas responderam ao desafio lançado pela Cooperativa Árvore e União das Misericórdias Portuguesas (UMP), no âmbito da quarta fase do projeto “Arte Contemporânea”. As telas que interpretam as obras de misericórdia “assistir os enfermos” e “consolar os tristes” foram apresentadas e sorteadas entre Misericórdias de todo o país, a 4 de dezembro, na sede da Cooperativa Árvore, no Porto.

Na presente edição, os artistas deram seguimento ao projeto de promoção artística e valorização cultural, iniciado em 2015, refletindo também sobre o impacto da pandemia junto dos utentes e colaboradores das Santas Casas.

Comentando a atualidade e “caráter estranhamente premonitório” das obras de misericórdia retratadas, o presidente da UMP valorizou o papel da arte num contexto de adversidade como o que vivemos. “A arte é uma das manifestações mais nobres da espécie humana e como manifestação estética dirigida à expressão de ideias e emoções faz todo o sentido que a iniciativa da UMP seja também olhada como uma forma de expressar a nossa esperança em nos libertarmos desta terrível pandemia”, sublinhou Manuel de Lemos.

O conjunto de dez telas apresentadas no Porto são da autoria de Acácio de Carvalho, Alberto Péssimo, Armando Alves, Artur Moreira, Benvindo de Carvalho, Evelina Oliveira, José Emídio, José Maia, Mário Bismarck e Ricardo Leite, a maioria presente desde o arranque da iniciativa.

Através de um sorteio, as dez telas foram atribuídas às Misericórdias que manifestaram interesse na iniciativa, seguindo viagem para Amarante, Aldeia Galega da Merceana, Borba, Póvoa de Lanhoso, Mora e Lisboa (sede da UMP). Presentes desde a primeira fase, as quatro Santas Casas dão, desta forma, continuidade à coleção de arte, que no final do projeto totalizará 15 telas, referentes às obras de misericórdia e Nossa Senhora das Misericórdias.

O esforço de investimento em arte, no atual contexto socioeconómico, foi valorizado pelo responsável do Gabinete de Património Cultural da UMP, Mariano Cabaço, sobretudo pelo simbolismo do gesto. “É de enaltecer a preocupação dos provedores e das Misericórdias e a perceção de que, no futuro, serão muito valorizados estes gestos”.

Apesar das dificuldades financeiras, que impedem uma adesão maior ao projeto, o presidente do Secretariado Nacional da UMP faz um “balanço extremamente positivo” das primeiras quatro edições e louva o interesse demonstrado nas obras dos pintores portugueses. “A semente está lançada e estou seguro que este interesse pelo património se vai manter como prova o interesse pelas recuperações que com o Fundo Dona Leonor levamos a efeito”.

Até ao momento participaram mais de 20 artistas, num total de 62 telas que estão em exposição em mais de 20 Misericórdias. Para esclarecimentos ou aquisição de telas contactar o Gabinete do Património Cultural da UMP.

Imagem: "Consolar os Tristes", Mário Bismarck

Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas