Após renovação apoiada pelo Fundo Rainha Dona Leonor, a igreja da Misericórdia de Buarcos reabriu as portas no dia 2 de julho

A manhã de 2 de julho foi de festa para a Santa Casa da Misericórdia de Buarcos (na Figueira da Foz), que organizou um ato solene de inauguração e apresentação das obras de recuperação da sua igreja, cuja obra beneficiou de apoio do Fundo Rainha Dona Leonor (FRDL).

Na cerimónia, presidida pelo bispo de Coimbra (D. Virgílio Antunes), o provedor Carlos Abreu disse que, embora as obras de conservação desta igreja com cinco séculos estivessem antecipadamente orçamentadas, elas “foram sendo adiadas” atendendo a “outras prioridades”. 

Privilegiando o património de natureza assistencial, a Misericórdia investiu os seus recursos para melhorar aquela que é, até agora, a sua única resposta social: o lar de idosos. Aquecimento central, cozinha e refeitório, bem como mobiliário das salas e dos quartos, além das janelas exteriores e portas são exemplos das melhorias levadas a cabo nos últimos anos.

“Melhorando significativamente as condições de utilização dos nossos utentes”, a mesa administrativa da Misericórdia de Buarcos, como declarou Carlos Abreu, aproveitou o alargamento do âmbito de intervenção do FRDL, que passou a incluir a recuperação do património cultural das Misericórdias, sem deixar de reforçar a participação na componente da assistência social.

“Era, há alguns anos, uma aspiração nossa”, declarou o provedor, satisfeito com as obras de recuperação e conservação da igreja, preservando o “património desta instituição para as gerações futuras”.

Na sessão pública, que decorreu na renovada igreja, o provedor deu conta da “boa aplicação” da verba aprovada pelo FRDL (superior a 46 mil euros), num total de cerca 51 mil e 500 euros, que contemplou a restauração do telhado e do teto da igreja, a par da recuperação das imagens sacras da Senhora da Visitação, da Paixão de Cristo e de Santa Maria Madalena.

“Após a primeira visita do Fundo, liderada pela Dra. Inês Dentinho, a quem agradecemos toda a disponibilidade demonstrada e seguindo algumas sugestões apresentadas pela equipa que nos visitou, a mesa decidiu avançar com mais algumas obras, como a retirada da mesa da celebração, em mármore, colocada no centro da Igreja (que fez parte da candidatura), passando pela sacristia e tribuna dos mesários”, especificou o provedor da Misericórdia de Buarcos, salientando que todas estas obras permitiram “a reposição da igreja à sua traça original”.

“Durante as obras, detetámos que, na Capela do Senhor dos Passos, a base do altar e as paredes laterais, no madeiramento, apresentavam sinais muito preocupantes de deterioração”, prosseguiu Carlos Abreu, observando que, “com um esforço financeiro suplementar” (de aproximadamente 30 mil euros, fora da candidatura ao FRDL), foi decidido avançar “para a sua recuperação de imediato, redesenhando a disposição das imagens expostas”. A propósito, o provedor enalteceu o contributo do pároco Carlos Noronha, cujas ideias e sugestões ajudaram a repor a fidelidade histórica e religiosa deste templo que já existia em 1576. 

O provedor da Misericórdia de Buarcos concluiu o seu discurso deixando “uma palavra de apreço” à União das Misericórdias Portuguesas (UMP) e, dirigindo-se ao recente presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz (Carlos Monteiro), afirmou: “Esta é uma casa aberta às parcerias e aos entendimentos em prol da comunidade”. 

Na cerimónia participaram também Inês Dentinho (Santa Casa de Lisboa/FRDL), Paulo Moreira (UMP), António Sérgio Martins (Secretariado Regional de Coimbra da UMP), o pároco Carlos Noronha (para quem, sobretudo, o interior do templo “não foi poupado pelo fervor laico dos primeiros anos da implantação da República”) e Nuno Gomes (Misericórdia de Arganil), entre os demais provedores e representantes de várias Misericórdias de municípios vizinhos.

Voz das Misericórdias, Vitalino José Santos