Foram inauguradas recentemente as obras de requalificação da igreja da Santa Casa da Misericórdia da Vila do Cano, no concelho de Sousel, distrito de Portalegre, num investimento que só foi possível concretizar com o apoio do Fundo Rainha Dona Leonor e da autarquia local.
Desde que tomou posse, em 2018, que a atual provedoria “sonhava” com a possibilidade de poder restaurar este património, consciente de que o estado de ruína eminente em que se encontrava parte do edifício adjacente estava a degradar a igreja, que remonta ao século XVI, colocando em risco as condições e segurança da sua utilização.
Embora fosse um projeto prioritário, a instituição não tinha “condições financeiras para poder avançar com as obras necessárias”, como assume o provedor José Rebelo Leão, realçando a importância da oportunidade que surgiu através da uma candidatura ao Fundo Rainha Dona Leonor, que apoiou 90% do investimento de um valor global de cerca de 128 mil euros. A restante verba foi assumida pelo município de Sousel.
“O principal problema estava no edifício adjacente, que se encontrava completamente em ruínas e a afetar a estrutura da igreja”, que “também já não tinha as comodidades necessárias para receber a comunidade que, essencialmente, utiliza este espaço para velórios”, constata o provedor.
É com orgulho e gratificante sentimento de dever cumprido que José Rebelo Leão descreve ao VM a importância desta obra. A empreitada envolveu o restauro de todo o interior e exterior da igreja e restante património imobiliário, permitindo, inclusive, a recriação da sala do despacho, arquivo e gabinetes de apoio.
Não estando inicialmente prevista, uma das intervenções que o provedor considera que mais enobrece a igreja, remetendo ao seu traço original e estando agora em conformidade com o altar, prende-se com o restauro da cobertura.
O teto de madeira foi substituído por um de abobadilha, assim como foram “descobertas” as janelas originais nas paredes laterais, uma das quais ficou aberta para dar mais luminosidade ao espaço, o que “nos permite crer que, em tempos, o edifício estava cingido à igreja”, explica José Rebelo Leão.
Foi ainda restaurado o adro, do qual foram retirados blocos de cimento e colocada calçada, foi recolocado o sino, tendo ainda sido feita a mudança da instalação elétrica e renovação das canalizações e loiças sanitárias. Tudo ficou preparado para que, numa nova oportunidade de investimento, possa ser implementado um projeto social dedicado ao encontro e partilha de gerações.
Com uma fachada completamente restaurada, o edifício da igreja destaca-se agora das restantes casas que o circundam, e, como refere o provedor, é um bom exemplo “da preocupação que temos com o nosso património”. “Acreditamos que, agora sim, é um espaço que dignifica a história desta instituição e o seu papel na comunidade”.
O provedor defende que, não sendo a Misericórdia da Vila do Cano uma instituição que detenha muito património, é “essencial que tenhamos a preocupação de cuidar aquele que temos”, pois “é, também, uma das nossas obrigações”. Por isso, a mesa administrativa que lidera assumiu este projeto.
José Rebelo Leão destaca ainda que a reação da população ao restauro da igreja tem sido muito positiva e que foi importante no sentido de reforçar a visibilidade da Misericórdia na região, mostrando que a instituição continua ativa e empenhada no seu dinamismo.
Ainda no contexto da perseveração do património e numa perspetiva de futuro, a Santa Casa solicitou à Câmara Municipal de Sousel para que esta igreja seja incluída no inventário do património municipal, o que, segundo explica o provedor, será “essencial para que se possa continuar a salvaguardar um património deste valor”.
Voz das Misericórdias, Patrícia Leitão