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- Coruche | ‘A nossa igreja não é só para ser visitada, é para ser vivida’
Ao Voz das Misericórdias, a provedora Maria Inês Malta da Veiga Teixeira destacou o “cuidado e a qualidade da intervenção” no templo, que será agora colocado à fruição da população e aberto ao culto religioso. “A nossa igreja não é só para ser visitada, é para ser vivida”, declarou.
“Como Santa Casa da Misericórdia, um dos nossos papéis, uma das preocupações é sempre o nosso património. Embora estejamos vocacionados, de uma maneira muito especial, para parte social, a componente patrimonial é também essencial”, reforçou, destacando o apoio “fundamental” do Fundo Rainha Dona Leonor (FRDL) nesta intervenção.
“Atendendo ao seu deficiente estado de conservação, nomeadamente aos problemas estruturais e à degradação de pintura decorativa interior, decorrente de antigas infiltrações, a Misericórdia de Coruche decidiu concorrer ao FRDL e em boa hora o fez. As obras de conservação e restauro iniciaram-se em 2019 e agora estão concluídas.”, concretizou, recordando que, em março de 2020, o órgão de tubos do monumento foi alvo de uma intervenção, de cerca de 70 mil euros.
A igreja da Misericórdia é um edifício de origem seiscentista que foi objeto de alterações no século XVIII, sobretudo após o terramoto de 1755, e mais tarde alvo de uma extensa campanha decorativa no final do século XIX. Ao longo do século XX, sofreu algumas intervenções que a descaracterizaram e nas últimas décadas foi objeto de algumas beneficiações localizadas, mas pouco documentadas, e permanecia deficitária do ponto de vista da sua conservação patrimonial e da sua valorização social e urbana.
No século XXI, a empreitada de reabilitação do edifício permitiu a “descoberta do retábulo primitivo e de frescos extraordinários em todos os tramos de paredes e teto”, contou Inês Ponce Dentinho, do Fundo Rainha Dona Leonor.
Segundo a responsável, a realização da obra teve em conta que embora estruturalmente a igreja parecesse estabilizada, o seu estado de conservação era “preocupante”. Agora, depois de concluída a obra, o imóvel será um “atrativo turístico que chamará visitantes a Coruche”, disse Inês Dentinho, acrescentando que “a igreja da Misericórdia apresenta acabamentos arquitetónicos e decorativos de qualidade, configurando um importante elemento na história local.”
Além do FRDL, esta empreitada também contou com o apoio da Câmara Municipal de Coruche. Depois da apresentação das obras de conservação e restauro, a igreja da Misericórdia reabriu as suas portas ao culto, no dia 18 de dezembro, com uma eucaristia presidida pelo Arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho.
Recorde-se que, no ano passado, a igreja da Misericórdia de Coruche foi classificada como monumento de interesse público, por se tratar de “um exemplar típico dos templos erguidos pelas Misericórdias em todo o país”.
A portaria que classifica este monumento, publicada em Diário da República, refere que, a exemplo do que acontece com os templos erguidos pelas Misericórdias, esta igreja possui “nave única e contínua com a capela-mor, retábulos triplos, simplicidade formal, Casa do Despacho e sacristia com entrada independente pelo adro, tribunas para mesários e hospício anexo”.
A portaria, assinada pela secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural, Ângela Ferreira, refere o testemunho simbólico e religioso, o valor estético, técnico e material, a conceção arquitetónica e urbanística e o que reflete do ponto de vista da memória coletiva como critérios que permitiram a classificação deste templo.
Voz das Misericórdias, Filipe Mendes