Sob o mote “Fé e Tradição de um Povo”, a vila do Crato voltou este ano a celebrar a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Jesus Cristo com a mesma singularidade de antes da pandemia. A Semana Santa neste concelho do Alto Alentejo costuma ser vivida de uma forma única, com fé, devoção e momentos de grande simbolismo e emoção.

A celebração desta emblemática época pascal resulta da união e colaboração de um conjunto de forças vivas da comunidade. Com organização liderada pela Misericórdia do Crato, pela Câmara Municipal e pela Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, a Semana Santa no Crato ficou marcada por uma participação expressiva da população local, bem como de muitas outras pessoas vindas de fora, que se associaram às celebrações e participaram nas procissões, que são dos momentos mais solenes do tríduo pascal.

Num momento em que se celebra e reforça a fé do povo cristão, as problemáticas que enfrentamos no presente não foram esquecidas. Por isso, esta celebração da Semana Santa incluiu uma homenagem aos refugiados ucranianos que se viram obrigados a deixar a seu país devido à guerra, sendo também este um gesto de boas-vindas a todos os ucranianos que foram acolhidos no concelho.

Na noite de quinta-feira Santa, após a celebração da Missa da Ceia do Senhor, e antecedendo a procissão do Senhor da Cana Verde, decorreu a cerimónia do Lava-Pés, à qual foi dada um simbolismo muito particular. Além de cidadãos ucranianos, elementos do departamento de Ação Social do município, as Santas Casas de Crato e Gáfete, IPSS do Crato e de Vale do Peso e a Câmara Municipal também foram homenageados através do ato de lavar os pés.

Conforme explica o vice-provedor da Santa Casa da Misericórdia do Crato, António Ferreira, este ano “quisemos incluir na cerimónia do lava-pés um significado diferente e com um teor especial, revestindo-se esta solenidade de uma homenagem que quisemos prestar aos refugiados, em particular aos que foram acolhidos no concelho, bem como a todos aqueles que estiveram envolvidos neste acolhimento”.

António Ferreira acredita que “este gesto simbólico, sendo uma forma de os incluir nas tradições da comunidade que os acolheu”, é também “uma forma de lhes dar as boas-vindas e fazer com que se sintam mais integrados”, realça.

O vice-provedor sublinha ainda a forma empenhada como se reativou “a dinâmica da Semana Santa”, que é “um trabalho feito há muitos anos” e que ao longo do tempo se vai “incrementando com coisas novas” de modo a “conferir grandiosidade às procissões”.

Não esquecendo que “são os funcionários da Santa Casa que dão corpo a esta dinâmica, sem os quais seria impossível” o brilhantismo com que se vive esta tradição, António Ferreira conclui afirmando que “a Semana Santa do Crato é vivida com muita fé e espiritualidade”.

 

Voz das Misericórdias, Patrícia Leitão