Está finalmente requalificada a Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Freixo de Espada à Cinta. O imóvel estava em estado avançado de degradação e havia mesmo risco de o telhado ruir.

As obras começaram no verão e terminaram no início deste ano, dentro do prazo previsto. Custaram cerca de 600 mil euros, sendo que 85% foi financiando por fundos comunitários e os restantes 15% suportados pela Câmara Municipal.

Segundo explicou o presidente da autarquia, Nuno Ferreira, foi submetida uma candidatura para requalificar, quer internamente, quer externamente, a igreja, tendo em conta a importância que tem para os freixenistas.

O autarca vincou que esta beneficiação é, sobretudo, para “privilegiar aquilo que é a recuperação do património religioso”, quer para o “turismo religioso”, quer para os munícipes. “Valeu a pena este executivo se empenhar fortemente para requalificação deste edificado”, vincou Nuno Ferreira.

A igreja foi fundada nos primeiros anos do século XVI e tem uma arquitetura quinhentista, maneirista e barroca.

De acordo com Isabel Ventura, arquiteta da empresa que fez todo o trabalho de requalificação, a intervenção consistiu em duas fases diferentes: a conservação e restauro de frescos nos paramentos e no teto e ainda o restauro dos estábulos e a intervenção do edifício pelo interior e exterior.

No exterior foi feita a substituição das telhas e das estruturas de madeira e foi ainda feita “uma injeção” na abóbada que pertence à capela-mor. No interior, foi colocado um estanhado novo, feita uma pintura nova e requalificadas as portas.

“O estado de degradação que a igreja tinha era falta de manutenção. O nosso património sofre desse mal em todo o país. Com o tempo há entrada de água no edifício e, basicamente, o que foi feito foi a retirada da água e das infiltrações que estavam a deteriorar o interior, quer na talha, quer nos frescos”, disse, acrescentando que a sacristia estava bastante danificada, devido à água.

A arquiteta explicou que o “mais delicado” de trabalhar foi a conservação dos frescos e da talha. “A humidade que entrou danificou bastante o teto e as partes de madeira e, portanto, o restauro foi mais demorado”, esclareceu, adiantando que é mesmo “impossível” recuperar algumas pinturas, de tão danificadas que estão. “Muitas vezes é impossível repor o original, fazer o restauro na íntegra. Neste caso, não conseguimos recuperar na íntegra, tem algumas falhas”, admitiu.

O provedor da Misericórdia de Freixo de Espada à Cinta explicou que há vários anos que tentam arranjar financiamento do Ministério da Cultura, mas nunca foi possível, dizendo mesmo que, em 2013, o dinheiro da cultura foi “desviado” para “o emprego jovem”.

Agora que foi finalmente possível fazer as obras, mostrou-se satisfeito. “Tem um retábulo muito importante para a cultura do país e, portanto, ela é visitada por muita gente, com um valor arquitetónico excecional e estamos felizes e contentes”, frisou José Santos.

Voz das Misericórdias, Ângela Pais