A Santa Casa da Misericórdia de Mangualde inaugurou as obras de conservação e restauro da sua igreja e manifestou vontade de disponibilizar esse património para culto religioso, mas também para cultura e turismo, porque quer que esteja ao serviço da comunidade. Apesar de estar pronta há cerca de seis meses, a inauguração foi adiada por causa da pandemia de Covid-19 e acabou por ser agendada no dia do feriado municipal, 8 de setembro. Foram mais ou menos dois anos de obras, num investimento superior a 315 mil euros, com uma comparticipação de fundos comunitários em 90%.
“Hoje é um dia muito especial para nós e para Mangualde, é dia de dupla festa porque também é o dia da Nossa Senhora do Castelo, a nossa padroeira. A Santa Casa da Misericórdia de Mangualde, com 400 anos de história, está ligada ao desenvolvimento social, económico e cultural deste território. Nuns períodos mais, noutros menos, mas a verdade é que está muito ligada àquilo que é hoje Mangualde”, destacou o provedor.
José Tomás falava na cerimónia de inauguração das obras de reabilitação da igreja que contou com a presença de entidades locais e nacionais, como é o caso da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, e do presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel de Lemos.
“Se queremos mais desenvolvimento no território, temos de ter algo capaz para mostrar e hoje temos, de facto, uma igreja para mostrar e, acima de tudo, temos um espaço que permite ter um conjunto de atividades a partir de agora e a disponibilidade total da Misericórdia para que essas atividades venham a acontecer neste espaço”, avisou José Tomás.
O provedor avançou ainda que a abertura do espaço é “desde logo para todas cerimónias religiosas que se entenderem por convenientes, mas também todas as atividades culturais que possam surgir neste espaço que tem todas as condições”.
“Desde pequenos concertos neste átrio até exposições porque temos pequenas salas no interior ou até, no futuro, um museu da Misericórdia possa ser instalado também neste espaço”, desejou o provedor que considerou que “a grande vantagem” do espaço reabilitado “é dar-lhe vida”.
José Tomás não escondeu a “ambição de ter uma agenda cultural e religiosa” assim que se ultrapassem “estes tempos difíceis que não permitem reunir muita gente” e que devolvam alguma da agenda social para já limitada ou adiada.
A igreja, que além do espaço de culto tem agregada uma Casa da Misericórdia, sofreu “reabilitação total de cobertura e fachadas, reabilitação interior de retábulos e de toda a estrutura interior, com exceção dos azulejos que estavam em bom estado de conservação”.
“Também conseguimos reabilitar todo o edifício e este pátio onde estamos que era completamente diferente”, assumiu o provedor a quem não faltaram palavras de agradecimento por todos os que contribuíram para que a obra se concretizasse.
Elogios partilhados por todas as entidades, nomeadamente pelo presidente da União das Misericórdias que, em tom de brincadeira, até agradeceu o convite por, finalmente, “poder falar com alguém que não seja sobre a pandemia” de Covid-19. “Ainda por cima para inaugurar as obras de reabilitação de uma igreja cheia de história”, disse Manuel de Lemos elogiando ainda a “qualidade da reabilitação”. O presidente deu nota ainda das 340 peças da Misericórdia de Mangualde que já foram inventariadas pela equipa da União e que estão neste momento disponíveis para consulta na base de dados Matriz.
A ministra da Coesão Territorial também não poupou elogios à Misericórdia, na pessoa do provedor pelo “espírito de resiliência” e pela forma como “trabalha em conjunto e como envolve toda a gente nos seus projetos e soluções para os problemas, e isso é coesão”.
Ana Abrunhosa também destacou o trabalho de Ana Mendes Godinho, sua colega no governo, por ter sido a autora do programa “Revitalizar” que permitiu subsidiar as obras de reabilitação agora inauguradas. “Que este espaço possa ser para os cristãos, para aqueles que venham viver momentos de cultura, para os que vêm visitar, para os que venham fazer momentos de reflexão na sua vida. Que seja um espaço vivo”.
Ana Abrunhosa desejou que “o interior seja refúgio para muitos” e uma “escolha consciente que não seja uma fuga, mas sim para estar, porque há muito para oferecer e não passa só pela gastronomia e recursos endógenos, é também pelas boas empresas e instituições”. Neste sentido, elogiou a Santa Casa da Misericórdia de Mangualde.
“Senhor provedor, tem muita obra a fazer e pode contar connosco porque a sua obra, com a da Câmara Municipal e dos privados, ajudará certamente a tornar estes territórios mais atrativos e a melhorar a qualidade de vida das pessoas que cá estão”, desafiou.
Entre os poucos convidados, a cerimónia contou com o atual presidente da Câmara de Mangualde, Elísio Oliveira, e seu antecessor, João Azevedo, com quem teve início este processo de reabilitação da igreja. O bispo de Viseu, D. António Luciano dos Santos Costa, também esteve presente.
Voz das Misericórdias, Isabel Nogueira Marques