Segundo o provedor Jorge Ribeiro, em nota enviada ao VM, “o arquivo municipal de Melgaço reúne todas as condições para guardar estes preciosos documentos, garantindo o seu estado de conservação”, sendo ainda responsável por um “trabalho importantíssimo, digitalizando e disponibilizando online todo o espólio arquivístico” da instituição. Foi por isso, com “indisfarçável satisfação e sentimento de dever cumprido”, que a Mesa Administrativa entregou o “maior e mais antigo espólio histórico do concelho” ao cuidado do município.
Desta forma, a Misericórdia de Melgaço assume a responsabilidade de legar, aos que lhe sucederem, “um património cuidado e valorizado”, com o apoio das entidades locais.
Além da edição de 1609, reimprimida do texto do Compromisso publicado em 1577, a Santa Casa destaca a importância e raridade do documento fundador, impresso em 1516, “com mais de cinco séculos, do qual apenas existem apenas dez exemplares em Portugal e um na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos da América”.
O volume foi identificado em 2017, durante uma visita técnica efetuada para a realização das obras de restauro da igreja no âmbito do Fundo Rainha D. Leonor, e a intervenção assegurada por Joana Cebrian Leite, da equipa de conservação e restauro do arquivo histórico da Misericórdia de Lisboa.
De acordo com Francisco d’Orey, diretor do arquivo da Santa Casa de Lisboa, este tipo de intervenções pretende “apoiar a recuperação do património histórico e cultural das Santas Casas, contribuindo para a valorização e salvaguarda do acervo documental, elemento essencial para o conhecimento dum passado comum”. Num estudo sobre o tema, o historiador valorizou ainda a oportunidade de preservar a memória e identidade da instituição.
Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas