O primeiro compromisso da Misericórdia de Melgaço foi entregue à guarda do arquivo municipal, no dia 15 de novembro, após um processo de restauro integral pelo Gabinete de Conservação e Restauro da Misericórdia de Lisboa, que contemplou um exemplar impresso em 1516 e um exemplar da edição de 1609, que até ao momento é o único identificado.

Segundo o provedor Jorge Ribeiro, em nota enviada ao VM, “o arquivo municipal de Melgaço reúne todas as condições para guardar estes preciosos documentos, garantindo o seu estado de conservação”, sendo ainda responsável por um “trabalho importantíssimo, digitalizando e disponibilizando online todo o espólio arquivístico” da instituição. Foi por isso, com “indisfarçável satisfação e sentimento de dever cumprido”, que a Mesa Administrativa entregou o “maior e mais antigo espólio histórico do concelho” ao cuidado do município.

Desta forma, a Misericórdia de Melgaço assume a responsabilidade de legar, aos que lhe sucederem, “um património cuidado e valorizado”, com o apoio das entidades locais.

Além da edição de 1609, reimprimida do texto do Compromisso publicado em 1577, a Santa Casa destaca a importância e raridade do documento fundador, impresso em 1516, “com mais de cinco séculos, do qual apenas existem apenas dez exemplares em Portugal e um na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos da América”.

O volume foi identificado em 2017, durante uma visita técnica efetuada para a realização das obras de restauro da igreja no âmbito do Fundo Rainha D. Leonor, e a intervenção assegurada por Joana Cebrian Leite, da equipa de conservação e restauro do arquivo histórico da Misericórdia de Lisboa.

De acordo com Francisco d’Orey, diretor do arquivo da Santa Casa de Lisboa, este tipo de intervenções pretende “apoiar a recuperação do património histórico e cultural das Santas Casas, contribuindo para a valorização e salvaguarda do acervo documental, elemento essencial para o conhecimento dum passado comum”. Num estudo sobre o tema, o historiador valorizou ainda a oportunidade de preservar a memória e identidade da instituição.

Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas