Com início em agosto de 2020, a nova fase do inventário, realizado pelo Gabinete do Património Cultural (GPC) da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) com o apoio da Santa Casa de Lisboa, já abrangeu perto de meia centena de Santas Casas. Para contar essa história, o VM acompanhou a equipa do GPC numa dessas viagens até Vila de Pereira (Coimbra).

No meio de um ano atípico, a equipa do GPC embarcava numa aventura, sem fim ou destino à vista, que era dar continuidade ao inventário do património móvel das Misericórdias. Começaram por ser 30 os acervos tratados, na região do Alto Alentejo, mas olhando para o mapa hoje, o alcance cresceu até chegar às 50 Misericórdias.

Somadas as instituições inventariadas desde o arranque desta iniciativa, em 2000, a UMP já catalogou o espólio de 150 Santas Casas. O responsável do gabinete, Mariano Cabaço, explica que este aumento foi tornado possível graças à antecipação de rentabilizar “algumas deslocações, preparando processos para inventariar mais um conjunto significativo de Misericórdias”.

A igreja da Misericórdia de Vila de Pereira, visitada pela equipa do GPC, foi alvo de obras de restauro apoiadas pelo Fundo Rainha D. Leonor, um processo no qual foi redescoberta uma parte do espólio da instituição. “As Misericórdias inventariadas têm uma nova consciência de preservação do património”, destaca Mariano Cabaço. Após uma primeira visita para inventariar o espólio de Vila de Pereira, a equipa compreendeu que, dado o volume de trabalho, iria ter de regressar.

À segunda viagem, o VM acompanhou-os numa jornada em que estiveram concentrados no património reunido numa só sala, anexa à igreja. Entre material de farmácia e algumas figuras de culto, foi um baú fechado que esteve na origem da maior surpresa do dia, pois escondia nele inúmeros têxteis com diferentes finalidades, estando todas por inventariar. É o tipo de grande surpresa que pode surgir numa pequena Misericórdia, aponta o responsável do GPC. Além disso, há já vários “casos em que foram recuperadas determinadas tradições nas próprias Misericórdias”, graças à identificação e recuperação de certas peças, o que só reforça a valorização deste trabalho.

Ao longo destes anos de trabalho, foram inventariadas mais de 40 mil peças e efetuadas 25 mil fichas para o património móvel de 150 Misericórdias de norte a sul do país.

 

Voz das Misericórdias, Duarte Ferreira