A igreja da Misericórdia de Penafiel reabriu, no passado dia 12 de maio, de cara lavada, após ter estado de portas fechadas por pouco mais de um ano para obras de reabilitação, restauro e conservação.
A cerimónia assinalada em tom festivo coincidiu com a data de lançamento da primeira pedra da construção do templo a 12 de maio de 1622, servindo ainda para se voltar a ouvir o órgão de tubos que há 70 anos estava inativo.
“Este é um dos dias mais felizes e marcantes enquanto provedor”, começou por afirmar Júlio Mesquita. O provedor sublinhou ainda que a instituição a que preside sempre teve a preocupação de valorizar o seu património e lembrou que uma das missões da Santa Casa passa pela defesa da cultura e salvaguarda do património material e imaterial. "É nossa missão manter viva a história e a herança da Santa Casa e dos seus antepassados penafidelenses", referiu, acrescentando que "a aposta no turismo religioso é para prosseguir".
A remodelação passou pela reabilitação das coberturas para solucionar os problemas de infiltrações, com limpeza e recuperação das fachadas. Os trabalhos contemplaram também intervenção ao nível dos tetos, rebocos, pinturas, pavimentos e uma intervenção nas talhas douradas e imagens religiosas. As infraestruturas de eletricidade, de som e de segurança foram igualmente alvo de melhorias importantes.
A empreitada orçada em cerca de um milhão de euros recebeu uma comparticipação de 85 por cento de fundos comunitários, sendo os restantes 15 por cento suportados pela Misericórdia de Penafiel.
O diretor da Direcção Regional de Cultura do Norte, António Ponte, afirmou que as obras na igreja da Misericórdia de Penafiel permitiram colmatar um conjunto significativo de problemas físicos e estruturais. “Estamos a falar de problemas que foram devidamente inventariados e acautelados e obedeceram a um processo rigoroso de acompanhamento dos nossos técnicos que validaram todas as técnicas de intervenção. Este processo foi acompanhado ao longo de todo o ano para podermos dar a garantia de que a intervenção respeitou o património e as técnicas de construção", explicou.
Mariano Cabaço, do Gabinete do Património Cultural da União das Misericórdias Portuguesas, elogiou a intervenção efetuada num ano em que se assinala o Ano Europeu do Património Cultural, destacando também a preocupação que as Misericórdias têm demonstrado na preservação do seu património. “Este tipo de intervenções dignifica as instituições e perpetua a sua memória e os seus valores. É muito importante que as Misericórdias tenham esta perceção e que este exemplo seja seguido”.
O responsável recordou ainda que os meios financeiros nem sempre permitem fazer as intervenções necessárias e desejáveis, “mas o caminho está a ser percorrido com prudência, com intervenções refletidas, não abrindo frentes de obra sem o cuidado cientifico que é aconselhado”. Para terminar Mariano Cabaço referiu que seria interessa que “o poder político tivesse a consciência que este património é pertença da comunidade e percebesse que não faz favor nenhum em ajudar a preservar as forças vivas de cada território”
Esta cerimónia foi encerrada com um concerto do organista Tiago Ferreira. Depois de 70 anos em silêncio, o órgão de tubos, também restaurado, voltou a ouvir-se para contentamento de todos aqueles que marcaram presença neste ato.
As comemorações vão prosseguir no próximo dia 10 de junho, pelas 11h30, com o bispo do Porto D. Manuel Linda a celebrar a eucaristia e a presidir à inauguração religiosa destas obras de reabilitação. Para setembro está agendada a apresentação pública do livro “A Igreja da Misericórdia de Penafiel”. Em outubro o programa comemorativo encerra com um concerto da banda musical de Rio Mau, na igreja da Misericórdia.
Voz das Misericórdias, Paulo Sérgio Gonçalves