Ricardo Pessa de Oliveira conta que o documento de 1614, descoberto “por acaso” no âmbito de uma outra investigação, trata-se de “uma provisão régia registada na Chancelaria da Ordem de Cristo”, através da qual D. Filipe II “concedeu a licença a um padre [Silvestre Luís], para servir meia capela da Misericórdia de Pombal, com as condições previamente acordadas” entre o religioso, o provedor e os restantes mesários.
O documento vem “atestar a existência desta irmandade em 14 de junho de 1614, permitindo recuá-la 14 anos face ao registo mais antigo até hoje conhecido”, realça o historiador, frisando, contudo, que o documento não esclarece “quem instituiu esta meia capela e quem nomeou o capelão”.
“É mais uma peça que ajuda a montar o puzzle em torno da história desta Misericórdia”, acrescenta Joaquim Guardado, provedor. “Para agir no presente e projetar o amanhã, as instituições devem ser conhecedoras da sua história e das suas raízes, procurando preservá-las e respeitá-las”, reforça.
Reportando como “importantíssima” a descoberta do novo documento, o provedor acalenta a esperança de que “um dia” seja encontrado o alvará régio da aprovação da fundação desta irmandade. Uma tarefa que não será fácil, atendendo a que tanto o arquivo da instituição como o do município e da paróquia de Pombal foram destruídos aquando das invasões francesas, ressalva Ricardo Pessa de Oliveira, cuja investigação já fez recuar a atividade desta Misericórdia de 1679, data do documento mais antigo que se conhecia quando iniciou a pesquisa para o livro, até, pelo menos, 1614, o registo identificado mais recentemente.
Voz das Misericórdias, Maria Anabela Silva