Foi no passado dia 28 de setembro que a Santa Casa da Misericórdia de Santa Maria da Feira apresentou ao público o projeto MISERERE. Recuperar e reabilitar a igreja da Misericórdia e dinamizar o património cultural do monumento que em 2012 foi classificado como sendo de interesse público é o grande objetivo do projeto cuja responsabilidade técnica cabe à instituição.
Danificada desde o terramoto de 1755 a igreja da Misericórdia da Feira precisava de uma intervenção estrutural de fundo. “Era urgente haver uma intervenção”, a afirmação é de Conceição Alvim, secretária da mesa da assembleia geral e responsável pelo património cultural da Misericórdia de Santa Maria da Feira. “Havia muita infiltração pelas janelas e pelas portas”, continua a mesária, “e, portanto, estava a degradar-se imenso o património interno da igreja”.
Foi então que surgiu a oportunidade de a Misericórdia de Santa Maria da Feira organizar uma candidatura aos fundos do programa Norte 2020. A liderar o projeto esteve sempre Conceição Alvim, para quem a aprovação da candidatura “foi um sonho tornado realidade”.
“O mais urgente era fazer com que não chovesse dentro da igreja, que era o que estava a acontecer, e acabamos por ter a sorte de ter um financiamento que dá para fazer a recuperação de toda a parte estrutural da igreja e fazer também a recuperação dos retábulos, das imagens, da paramentaria e do património escrito”, referiu mesária da Santa Casa.
O programa Norte 2020 vai financiar a empreitada em 85%, sendo que os restantes 15%, cerca de 370 mil euros, vão ser da responsabilidade da Misericórdia. Segundo Conceição Alvim esta “é uma verba considerável, o que nos está a preocupar um bocado, mas estou confiante que vamos conseguir levar ao fim esta missão”.
De fora da candidatura, que superava os 2 milhões de euros, ficou o chafariz e o escadório datado do século XVIII, bem como alguma área envolvente à igreja, mas que, e segundo a mesária, estão “à espera de arranjar maneira de o poder recuperar também”.
A igreja da Misericórdia da Feira vai encontrar no culto religioso a sua principal função, mas não será a única. “Os espaços anexos à igreja, a sala do despacho, a sala das reuniões, estão a ser reabilitados para serem de fruição pública. Há uma zona que será para a realização de conferências, de workshops, de ações de natureza sociocultural, e uma outra vai ser usada para fazer formação sobretudo na área da gastronomia e turismo com a ideia de recuperar as receitas antigas tradicionais do tempo dos condes e dos frades”. Para além disso vai ser criado um núcleo museológico em todo o espaço da igreja onde vão ser expostas as peças de arte que vão ser recuperadas.
Com a nova vida da igreja chegam também novas parcerias à Misericórdia da Feira, como é o caso da que vai ser feita com a sua congénere do Porto, para que a igreja da Misericórdia da Feira passe a constar da divulgação e dos percursos religiosos feitos pela Misericórdia do Porto, e ainda com as Faculdades de Letras e de Engenharia do Porto.
As obras de requalificação e restauro do espaço religioso começaram no passado dia 12 de setembro, e é espectável que estejam concluídas no prazo máximo de 12 meses.
Voz das Misericórdias, Sara Pires Alves