A Santa Casa da Misericórdia de Tomar inaugurou, ao final da tarde do passado dia 03 de julho, as obras de restauro da sua igreja, que tiveram apoio do Fundo Rainha Dona Leonor. A cerimónia foi presidida por D. José Traquina, bispo de Santarém, que, na sua intervenção, incentivou a instituição ao “desenvolvimento de um trabalho por uma grande causa” dedicado às pessoas.
“O progresso da sociedade supõe o desenvolvimento integral e o bem-estar das pessoas”, disse D. José Traquina, saudando a abertura deste templo à fruição da comunidade. “Amor e verdade são dois valores fundamentais para que alguém se sinta feliz numa casa de família. Também assim acontecerá nos ambientes humanos promovidos pela Santa Casa da Misericórdia”, desenvolveu o prelado.
De facto, para o provedor da Misericórdia de Tomar, António Alexandre, esta obra representa o “devolver à cidade com valor acrescentado” aquilo que é uma parte do seu património mais representativo.
“A igreja é um marco na história de Tomar, não só pelo culto, mas também enquanto património histórico, vivo, construído e inserido no centro de uma cidade histórica, muito perto do Convento de Cristo que é Património Mundial da Humanidade”, afirmou.
“Queremos estar de portas abertas e mostrar à comunidade o importante trabalho que desenvolvemos, quer em termos sociais, quer em termos culturais. Queremos fazer da igreja um local de culto, mas também uma igreja-museu”, disse.
“Acredito que 90% dos cidadãos de Tomar não conhecem, nem de perto, a verdadeira dimensão da Misericórdia. É essa dimensão que os órgãos sociais da Misericórdia querem tornar visível”, assegurou.
Segundo anunciou, é intenção criar, no futuro, um núcleo museológico integrado na Casa de Despacho, num espaço adjacente à igreja, onde vai ser possível expor, em particular, as Coroas do Espírito Santo e o Pendão que integram a Festa dos Tabuleiros.
“Temos um espólio único que inclui, nomeadamente, uma obra do pintor régio Gregório Lopes e legado secular da instituição fundada em 1507”, lembrou António Alexandre.
Já Manuel de Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas, defendeu que a questão de cuidar do património é essencial para que estas instituições possam perspetivar melhor o futuro.
“Temos que honrar a nossa história, preservar o património, preservar os testemunhos e a história, que é de todos. A cultura é um instrumento fundamental do desenvolvimento social e económico de um país. É um investimento no futuro", concluiu.
Para esta obra, a Misericórdia de Tomar conseguiu um financiamento de 231.576,30 euros, que resulta de uma candidatura ao Fundo Rainha D. Leonor, criado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em colaboração com a União das Misericórdias Portuguesas e a inauguração aconteceu, precisamente, durante a semana das Festas dos Tabuleiros que se realizam na cidade nabantina de quatro em quatro anos.
A Câmara Municipal de Tomar atribuiu também um apoio de 60 mil euros não só para a recuperação da igreja, mas também para a criação do núcleo museológico.
Neste mesmo dia, a renovada igreja da Misericórdia acolheu o lançamento do livro “A Festa é um Romance”, de Carlos Trincão, edição da Misericórdia de Tomar. O título, explicou o autor, justifica-se pelo facto desta festa ser “verdadeiramente um romance entre o povo, a cidade e a divindade”. A apresentação esteve a cargo de Manuel Gandra e António Madureira.
Recorde-se que a Santa Casa da Misericórdia de Tomar apoia diariamente cerca de 300 pessoas, contando para o efeito com 145 trabalhadores.
Voz das Misericórdias, Filipe Mendes