A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (CCDRA) assinaram, na tarde de 14 de julho, um protocolo, na igreja da Misericórdia de Cabeção, que visa a conservação, estudo e divulgação do património cultural das Santas Casas da região. No âmbito desta colaboração, as equipas da CCDRA prestarão apoio técnico às Santas Casas alentejanas, através de ações de avaliação, diagnóstico e aconselhamento nas intervenções necessárias.

Dando as boas-vindas aos presentes, o provedor de Cabeção, Rui Aleixo, deu nota do empenho da instituição na preservação do seu património, que inclui a igreja recuperada com apoio do Fundo Rainha D. Leonor e um cineteatro dos anos 1920, que aguarda requalificação.

Para o presidente da UMP, Manuel de Lemos, “esta parceria é mais um passo, numa longa tradição de colaboração, que ajuda a fazer melhor e denota a preocupação manifestada em prol da defesa e salvaguarda do património e para a qual a equipa do Mariano Cabaço [diretor do Departamento do Património Cultural da UMP] muito tem contribuído”.

Enquadrando a parceria, Nuno Reis, vogal do Secretariado Nacional da UMP com o pelouro da cultura, destacou a importância deste “acordo que permite um melhor quadro de articulação das Misericórdias do Alentejo, numa área [a cultura] que tem vindo a ser transferida para as CCDR” [após extinção das Direções Regionais de Cultura]. Neste âmbito, destacou a intenção de “negociar protocolos semelhantes em todas as regiões do país”, através de acordos com as respetivas CCDR.

Para a vice-presidente da CCDR Alentejo, Ana Paula Amendoeira, “é muito importante ter um protocolo que crie metodologia e ajude a criar rede, ao nível do apoio técnico, mas também na captação de fundos para restauro do património cultural das Misericórdias, que é muito diverso e não apenas imóvel e integrado. É nesse sentido que queremos ajudar as Misericórdias, nos cadernos de encargos, candidaturas e apoio nas intervenções urgentes”.

O Alentejo foi a região escolhida para inaugurar esta parceria por “ser a primeira do país a consolidar uma abordagem ao património”, justificou ao VM o diretor do Departamento do Património Cultural (DPC) da UMP. Ou seja, “tem o inventário praticamente concluído” nas 69 Misericórdias, abrangidas pela CCDR, que corresponde aos distritos de Beja, Évora, Portalegre e Setúbal (Sines, Santiago do Cacém, Alcácer do Sal e Grândola). Este universo representa mais de 19 mil peças inventariadas pela equipa do DPC.

Segundo Mariano Cabaço, este protocolo surge na sequência de uma longa relação de parceria com o Ministério da Cultura, com a Direção Geral do Património e Direções Regionais de Cultura, que teve sempre como objetivo “ir buscar apoio técnico e especializado”. Desde o início, a intenção foi “ajudar as Misericórdias na gestão do património, através de apoio ao nível do diagnóstico e acompanhamento de intervenções de conservação e restauro”.

Em 2025, com a atualização da parceria, surgem novidades, como o apoio em “projetos de musealização, no aconselhamento do circuito, vitrines e luzes”. Mas também a promoção de ações formativas junto dos voluntários afetos ao projeto ‘Viver Património’, que visa promover a fruição pública dos espaços culturais das Santas Casas. “A ideia é capacitar estas pessoas para receber os visitantes, garantir a segurança e manutenção do espaço”, referiu.

Após a cerimónia, o município de Mora, representado pela presidente Paula Chuço, convidou as individualidades presentes para um beberete no Centro Cultural de Cabeção, onde se deu a conhecer a produção de vinho em talha de barro, outra marca distintiva da região.