“A arte é a suprema expressão do homem” considera ao Voz das Misericórdias (VM) o presidente do Secretariado Nacional da UMP, Manuel de Lemos, sublinhando que, apesar das dificuldades financeiras, que impedem uma adesão maior das instituições ao projeto, o “resultado final das quatro edições já realizadas é muito positivo”.
Mesmo sem perguntar aos artistas se têm credo, “esta iniciativa acaba por ser a forma de expressar a religião numa outra manifestação através destas obras, transportando-as para outros pensamentos e outros espaços”, frisa Manuel de Lemos.
O presidente da UMP lembra ainda que a tradição das Misericórdias “nunca foi a de adquirirem peças, mas recebê-las através de donativos”, enfatizando que, “daqui a uns anos, quando os atuais provedores já cá não estiverem, vai perceber-se que este trabalho é algo de intemporal”, sustenta.
O responsável do Gabinete de Património Cultural da UMP, Mariano Cabaço, lembra que o difícil contexto socioeconómico por que passam as instituições dificulta a adesão, mas a “reação tem sido muito simpática e interessada”.
“A obra de arte tem o seu fim supremo na interpretação que cada um faz da sua observação e estes artistas contemporâneos apresentam uma diversidade de interpretações muito rica”, enaltece o responsável.
Mariano Cabaço revela ainda que o grande desejo é que, no final deste projeto, todas as telas adquiridas “possam proporcionar uma grande exposição, dando a perceber ao país o arrojo que foi avançar com esta iniciativa”.
O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Amarante, José Augusto Silveira, que também assume no Secretariado Nacional da UMP as responsabilidades em relação ao pelouro do património cultural, refere que “a arte é um complemento da função das Misericórdias”. A este propósito vale a pena destacar que a Santa Casa amarantina já adquiriu quatro telas, todas expostas no Centro Interpretativo da instituição.
José Emídio acumula as funções de artista participante neste projeto desde a primeira hora, com as de presidente do conselho de administração da Cooperativa Árvore. “Estas obras representam muito uma ideia de cidadania como ser solidário e ajudar quem precisa. Esta figuração expressa, de certa forma, aquilo que somos enquanto seres humanos. Os meus trabalhos mostram sempre alguma ambiguidade, para que as coisas não sejam sempre muito diretas, desafiando as pessoas a refletir e a pensar”, revela. “Se te dou de beber, é uma forma de dar de beber a mim também”, considera José Emídio.
O conjunto das nove telas apresentadas são da autoria de Acácio de Carvalho, Alberto Péssimo, Armando Alves, Benvindo de Carvalho, Evelina Oliveira, José Emídio, José Maia, Mário Bismarck e Ricardo Leite. A maioria desses artistas está presente desde o arranque do projeto que visa reforçar a produção artística contemporânea junto das Misericórdias.
A quinta fase deste projeto contou com a participação da UMP e das Misericórdias de Amarante, Borba, Póvoa de Lanhoso e Mora. A atribuição das telas, à semelhança de todas as outras fases do projeto ‘Arte Contemporânea’, foi feita através de sorteio.
Voz das Misericórdias, Paulo Sérgio Gonçalves