Luís Montenegro dedicou o discurso à prioridade que deve ser dada aos mais idosos, para que usufruam das melhores condições quando a reforma chegar e enfatizou a necessidade de serem criados mais instrumentos para que “os reais problemas dos cidadãos possam ser ultrapassados”. A este propósito, o primeiro-ministro reconheceu que “o governo olha para as instituições sociais, Misericórdias e câmaras como parceiros privilegiados para o bem-estar das pessoas”. As entidades de cariz local “têm melhor capacidade de serviço em função da proximidade”, mas importa assegurar os “instrumentos financeiros” para o exercício desta parceria.
Com um investimento superior aos 5,8 milhões de euros, a obra da Santa Casa da Misericórdia de Évora foi comparticipada por fundos comunitários (Alentejo 2020 e Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional) em mais de cinco milhões. Segundo o provedor Francisco Figueira, a nova infraestrutura viabilizou o encerramento do Lar Nossa Senhora da Visitação e a instalação da atual residência – com o mesmo nome – que agora passa a ter capacidade para 48 utentes.
“Além disso, viabilizou-se a tão aguardada requalificação do Recolhimento Ramalho Barahona, reduzindo significativamente a pressão sobre a ocupação dos quartos e de todo o edifício”, afirmou o mesmo responsável.
O novo edifício dispõe de áreas destinadas aos utentes de cuidados continuados, com capacidade para 15 utentes em média duração e 17 em longa duração. Conta ainda com duas salas de trabalho, refeitório, gabinete médico e de enfermagem, farmácia, zonas comuns, além de áreas técnicas e de apoio às atividades.
Ainda assim, o provedor aproveitou a presença do primeiro-ministro em Évora para alertar para as dificuldades de verbas “que permitam sustentar o trabalho” ao nível dos cuidados continuados. “Não é suficiente”, sublinhou Francisco Figueira.
A requalificação e ampliação deste complexo, iniciada em 2021, foi concluída em 25 de dezembro de 2023 e surge como resposta às necessidades identificadas no Mapeamento dos Investimentos em Infraestruturas Sociais e na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados.
Para o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), que também marcou presença na sessão, os novos equipamentos contribuem para um caminho que é necessário percorrer com vista ao bom acolhimento das pessoas idosas. “É bom que as pessoas vivam mais anos e com dignidade”, afirmou Manuel de Lemos, assumindo que há novos desafios que o aumento da esperança média de vida está a colocar aos portugueses
Lembrando que Portugal é, juntamente com a Itália, o segundo país do mundo com maior esperança de vida, o presidente da UMP sublinhou a prioridade que deve ser dada ao “aumento da capacidade de acolher pessoas”, mas também se colocou ao lado do desenvolvimento de “um paradigma mais realista, que é o do apoio domiciliário”.
E há uma importância acrescida na nova unidade, pelo facto de ter aberto portas no Alentejo? “É especial porque o Alentejo tem uma taxa de envelhecimento das mais altas do país. Aqui nota-se a necessidade mais premente”, resumiu.
Ideia semelhante foi defendida pelo presidente da Câmara Municipal de Évora, para quem “esta resposta é um passo muito importante para uma melhor qualidade de vida para Évora e para o Alentejo”.
Segundo Carlos Pinto de Sá, é prioritário “cuidar daqueles que vivem mais tempo” e daí a necessidade de serem criados mais “centros de dia, lares e unidades de cuidados continuados” para dar resposta à comunidade.
A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Palma Ramalho, e arcebispo de Évora também marcaram presença na cerimónia da Santa Casa eborense. D. Francisco Senra Coelho, que procedeu à bênção dos dois novos equipamentos, sublinhou a importância da inauguração, destacando ser um “dia de festa” pelo facto de agora haver mais cuidados especializados para a população.
A receção aos convidados para esta inauguração contou com a presença do grupo de cante alentejano da Casa das Artes de Arraiolos.
Voz das Misericórdias, Roberto Dores