A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) está a promover ações de formação para profissionais de saúde. Vocacionadas para as Santas Casas com cuidados continuados e outras áreas de intervenção, as formações visam dar resposta às necessidades sentidas pelos profissionais, contribuindo desta forma para a qualidade dos serviços prestados. Demências, cuidados paliativos e controlo de infeção são alguns dos temas disponíveis no novo plano de formação da UMP. Com financiamento do POISE, as formações vão ter lugar nas regiões Centro, Norte e Alentejo.
Segundo o vice-presidente da UMP, que coordena as áreas de envelhecimento e cuidados continuados, este “ambicioso plano de formação” foi concebido através de um diagnóstico de necessidades formativas e de acordo com as prioridades formativas definidas pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).
As Misericórdias, referiu Manuel Caldas de Almeida, representam mais de 50 por cento das camas disponíveis na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) e, por isso, este plano de formação da UMP pretende “assegurar que os profissionais de saúde dessas instituições sejam capazes de um desempenho eficaz das suas funções”.
Entre as necessidades identificadas estão os casos de demência, que têm sido cada vez mais comuns nas unidades. “Nesses casos, os procedimentos mais simples, como a higiene diária ou a troca de um penso, podem representar um enorme desafio para os profissionais, sejam enfermeiros ou auxiliares. A formação é essencial para dotar as equipas de competências e estratégias para lidar com esses casos”.
Os cuidados paliativos também fazem parte da oferta formativa. Cada vez mais os utentes da RNCCI são referenciados com necessidades paliativas, independentemente da tipologia, afirmou o vice-presidente. Por isso, “é essencial o conhecimento, por parte dos profissionais que lidam com estes utentes, dos métodos e estratégias a utilizar para garantir conforto e bem-estar em fim de vida”.
A segurança dos utentes é outra área importante do plano formativo. Por um lado, através de formação sobre controlo de infeção e resistência aos antimicrobianos. Nas unidades de cuidados continuados, disse o dirigente da UMP, “os procedimentos de controlo de infeção são essenciais para garantir a segurança do utente, da admissão à alta” e são transversais dentro de uma UCC porque vão dos processos clínicos e de enfermagem à gestão de resíduos, roupas etc.
Ainda sobre segurança do utente, um dos pontos críticos é a gestão de medicamento, razão pela qual “entendemos ser primordial a formação das equipas de enfermeiros e farmacêuticos para a segurança e gestão básicas nesta área”.
Estes e outros temas vão ser trabalhados com os profissionais das Misericórdias ao longo de 2020 e 2021. Estão previstas 129 ações que irão decorrer em diversos pontos do país. A região do Alentejo vai ter 29 ações, no Norte irão decorrer 50 formações e no Centro outras 50. Os locais e datas serão brevemente divulgados pela UMP.
Em jeito de conclusão, Manuel Caldas de Almeida afirmou que este novo plano de formação se enquadra na estratégia da UMP para área da saúde em geral e cuidados continuados em particular. “As Misericórdias estão na RNCCI desde a primeira hora e, com o apoio técnico da UMP, sempre primaram pela qualidade dos serviços”. Os processos de certificação da qualidade levados a cabo há alguns anos pelas instituições e agora este esforço formativo dão nota deste esforço.
Destacando que a qualidade depende diretamente das comparticipações do Estado no âmbito da RNCCI, o vice-presidente afirmou que além dos esforços de negociação com o governo, a UMP integra grupos de trabalho cuja finalidade é reduzir custos de funcionamento e aumentar a eficiência. “Reduzir a burocracia nas unidades, que atualmente obriga as equipas a escrever duas vezes a mesma informação, é um exemplo de como os recursos da rede podem ser mais bem aproveitados”.?
Voz das Misericórdias, Bethania Pagin