“Isso significa que temos condições de passar a operação para o terreno, mas falta um conjunto de requisitos necessários, nomeadamente os profissionais que vão tornar esta operação uma realidade”, explica o provedor.
“Este é um mercado muito volátil e vulnerável”, lembra António Tavares, acrescentando já ter “identificado um conjunto de médicos que mostraram disponibilidade em querer trabalhar no CAC”.
Estima-se que para colocar em funcionamento esta nova resposta sejam necessários entre 60 a 80 clínicos. “Precisamos de uma base sólida de médicos que possam assegurar a nossa operação, mas é também necessário efetuar o recrutamento de enfermeiros, auxiliares de ação médica, psicólogos, assistentes sociais, farmacêuticos, administrativos e outros recursos humanos para assegurar equipas multidisciplinares que vão ser envolvidas nessas tarefas”, prossegue.
António Tavares mostra-se entusiasmado em ver este projeto arrancar o mais brevemente possível, embora alerte para alguma prudência. “Estamos a iniciar o verão, período de férias com grande impacto na saúde, principalmente entre 15 de julho e 15 de setembro. São dois meses altamente complexos, por isso, quanto mais tarde os responsáveis tomarem decisões, mais tarde começará a operação. Não sei se vamos conseguir ajudar ao plano de verão, mas vamos ajudar com certeza no plano de inverno”, garante.
O novo CAC, com capacidade para receber até 365 pessoas por dia, terá seis gabinetes para atendimento médico equipados com meios complementares de diagnóstico que permitirão fazer análises clínicas e exames de imagiologia. O Hospital da Prelada vai receber 45 euros por cada doente não urgente tratado fora das urgências dos hospitais. “É um projeto que vai dar uma resposta a um problema que os hospitais e as urgências têm. Vamos ver de que forma este plano trará alívio nas urgências. É fundamental aliviar o Santo António e o São João para que possam tratar casos verdadeiramente graves”, sustenta o provedor.
O setor social, “não tendo que remunerar acionistas”, está disponível para assumir estes centros, mas tudo depende da vontade política do Governo. “São necessárias políticas públicas para que o setor social esteja, permanentemente e de forma estruturada, neste processo e não meramente de forma conjuntural”, avisa António Tavares, sublinhando que “este é um processo dinâmico que vai exigir muito de todos nós e, como dizia o antigo ministro das Finanças, Fernando Medina, já não chega pôr só dinheiro, é preciso colocar organização no sistema e isso só se faz com políticas públicas muito bem definidas”.
Se os objetivos forem alcançados, este projeto-piloto poderá ser um abrir de portas para que estas unidades possam vir a ser geridas por entidades do setor social e privado e outras respostas possam surgir dentro do mesmo modelo. “Poderemos estar atentos às USF tipo C, desde que o Governo abra concurso e possibilite o acesso às instituições sociais”, finaliza António Tavares.
No âmbito desta experiência-piloto, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, esteve recentemente no Hospital da Prelada.
Voz das Misericórdias, Paulo Sérgio Gonçalves