A poucos minutos de assinar o protocolo, o presidente da UMP, Manuel de Lemos, comentou a importância e simbolismo da “renovação dos acordos da Bata Branca no Arco Ribeirinho de Setúbal [iniciados em 2017 com as Misericórdias de Setúbal, Canha, Barreiro e Sesimbra] e do alargamento da intervenção na área da saúde, a algumas zonas de Lisboa, como aliás o Governo tem defendido, numa lógica de cooperação com o SNS. Mostra que o Estado está satisfeito com o trabalho que estamos a desempenhar nos cuidados de saúde primários”.
Após o sucesso da experiência no Arco Ribeirinho de Setúbal, e mais recentemente em Cascais (2021), Manuel Caldas de Almeida, vogal do Secretariado Nacional na área da saúde, considera que a criação deste “núcleo experimental”, em instalações da Cruz Vermelha, é mais um passo decisivo “na resposta que se dá aos utentes sem médico de família, resolvendo uma carência muito grande que afeta não apenas Lisboa, mas também outras zonas do país”.
Para o presidente da ARS-LVT, Luís Pisco, esta “resposta adicional é muito importante para dar resposta aos utentes sem médico de família, no âmbito de uma parceria que estamos agora a expandir com a UMP e as Misericórdias”. Trata-se, segundo Adalberto Campos Fernandes, ex-ministro da Saúde e presidente do Conselho de Administração do HCV, de uma “coligação virtuosa de vontades que responde, neste caso concreto, a uma carência que é real e sentida por milhares de pessoas que residem nesta zona do país”.
Na região de Lisboa e Vale do Tejo, o número de pessoas sem médico de família atribuído nos centros de saúde já é superior a 1,4 milhões de pessoas (cerca de um quarto da população), segundo dados do Bilhete de Identidade dos Cuidados de Saúde Primários (novembro 2022).
No Arco Ribeirinho de Setúbal, o balanço da intervenção das Misericórdias do Barreiro, Canha, Sesimbra e Setúbal não podia ser mais positivo. Segundo o presidente do Secretariado Regional de Setúbal, Fernando Cardoso Ferreira, há uma “grande satisfação por parte dos utentes, que tinham meses de espera e agora em dias conseguem uma consulta”. No caso concreto de Setúbal, o provedor adianta que, a pedido do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES), está previsto um aumento de 40 horas semanais, o que vai significar “um total de 620 consultas por semana”.
Em Lisboa, o renovado Centro de Ambulatório 1 funcionará, segundo nota do HCV, todos os dias entre as 8h e as 20h, sábados incluídos, após uma profunda intervenção que dotou o espaço de “instalações modernas e funcionais”.
Ana Cargaleiro de Freitas, Voz das Misericórdias