Na cerimónia de inauguração, o provedor Jorge Nunes enalteceu o apoio do Fundo Rainha D. Leonor pelo “excelente serviço [que presta] a quem mais precisa, os utentes e a equipa que se esforça para apoiar todos os que recorrem à Misericórdia por não ter alternativa”.
Em Santiago do Cacém, a ampliação visou melhorar a sustentabilidade da unidade de cuidados continuados (UCC), que à semelhança de outras unidades de longa duração no país, apresentou em 2020 um prejuízo de 93 mil euros. “Em 2021, com parte das novas camas em funcionamento conseguimos reduzir o prejuízo em 30%. Mas, infelizmente, em 2022 o custo com as mercadorias aumentou 9% e o custo com pessoal aumentou 11%, o que nos faz prever um prejuízo igual ao de 2020”.
A unidade de longa duração, em funcionamento desde o arranque da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), em 2008, tem um défice mensal de 400 euros por utente e não tem margem para reduzir despesas sem comprometer a qualidade do serviço prestado. O provedor deixa, por isso, o apelo: “É urgente a atualização das comparticipações. O Governo sabe quanto tem de pagar. Se não fizer nada acabam os cuidados de longa duração”.
Santiago do Cacém é reflexo do que se vive em todo o país. “Estamos a falar de uma rede pública, que muitos especialistas dizem ser o terceiro pilar do SNS, onde o Estado coloca as pessoas, avalia e dá as altas. Mas estamos muito preocupados que este terceiro pilar não corresponda ao que estas contas evidenciam”, observa o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), que em abril, durante a assembleia geral, apresentou uma proposta que admitia a denúncia de contratos no âmbito da RNCCI, caso o Governo não aumentasse o valor pago por utente.
Apesar das dificuldades sentidas, Manuel de Lemos saúda o apoio concedido pelo FRDL, que permitiu “minorar as despesas, cumprindo mais uma vez a sua missão”. Mostra-se, por isso, empenhado em dar continuidade ao projeto iniciado em 2014 para ajudar as Misericórdias, de todo o país, na concretização de “causas sociais e prioritárias”, conforme se lê na página oficial do Fundo. “Quero agradecer ao Dr. Edmundo Martinho, que deu continuidade ao fundo e se tem batido pela sua continuação. Temos uma dívida de gratidão para consigo. Estamos agora a trabalhar na continuidade desta iniciativa para apresentar uma solução que sirva”, destaca.
Edmundo Martinho, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), mostra-se igualmente comprometido em encontrar “mecanismos para rentabilizar o Fundo”, que tem sido “suporte para as Misericórdias de todo o país”. Admite, contudo, que “nada disto seria possível sem o profissionalismo e a dedicação das instituições no terreno. A Santa Casa de Santiago no Cacém é disso exemplo”.
A cerimónia contou com as presenças de Manuel de Lemos e José Rabaça, presidente e tesoureiro da UMP, de Edmundo Martinho, provedor da Misericórdia de Lisboa, do provedor e presidente da mesa da assembleia geral da Misericórdia de Santiago do Cacém, Jorge Nunes e José Alves Catarino, dos membros do conselho de gestão do FRDL, Inez Dentinho (SCML) e Paulo Moreira (UMP), e provedores das congéneres de Grândola e Vimieiro.
Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas