O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) adiantou ontem, em entrevista à RTP3, estar “a trabalhar em estreita articulação com o governo, no sentido de encontrar o maior número de camas” para responder aos internamentos sociais. As declarações surgiram na sequência dos números avançados a 2 de dezembro, pela direção executiva do SNS, de que havia, no final de novembro, 700 pessoas internadas nos hospitais a aguardar resposta social.

“Neste momento, a única resposta real que o estado pode encontrar é no setor social. E, mais concretamente, as Misericórdias estão a fazer tudo para encontrar camas. A nossa atitude é de cooperação”, adiantou Manuel de Lemos, considerando que “situações extraordinárias requerem respostas extraordinárias”. Algumas das vagas surgem em “unidades que estavam fechadas e estão a reabrir e em lares que não estavam com a capacidade total ocupada”.

Outra solução apontada pelo presidente do Secretariado Nacional da UMP é o aumento da capacidade da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI). “Há um número muito grande de camas previstas no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e a verdade é que essa construção não está a acontecer ou está a acontecer de forma muito reduzida porque os valores estão muito desajustados da realidade”, alertou. A isto acresce o facto de o “valor da prestação do cuidado não ser suficiente para prestar o serviço, fazendo com que nenhuma instituição com boa gestão pondere meter-se numa aventura que sabe que vai ser desastrosa”.

Manuel de Lemos esclareceu, contudo, que a questão está a ser analisada com o governo, que tem revelado “maior abertura em relação a estre problema para encontrar soluções e não perder o dinheiro do PRR”.

Parcerias com outras entidades, como o exército português, que tem “muitas unidades fechadas”, e as recentes alterações ao Estatuto do Cuidador Informal, aprovados pelo executivo em outubro, foram outras das soluções indicadas pelo presidente da UMP.

Segundo dados da direção executiva do SNS, divulgados pelo jornal Público, no dia 21 de novembro existiam nos hospitais “703 utentes a aguardar resposta social”.

Veja aqui a entrevista completa.